No país, estão 8,2 milhões de brasileiros sem emprego. Entre os que trabalham, 39,4 milhões estão na informalidade, sem carteira de trabalho, o maior contingente da série histórica, segundo dados do IBGE
A taxa de desocupação no Brasil ficou em 7,5% no trimestre móvel terminado em novembro de 2023, o que corresponde a uma queda de 0,3 ponto percentual (p.p) em relação ao trimestre de junho a agosto deste ano (7,8%), segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já em relação ao ano anterior, a queda foi de -0,5 p.p.
Este é o menor nível de desemprego no país desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015 (7,5%), de acordo com o IBGE, que divulga dados do emprego formal e informal. No entanto, em números absolutos, 8,2 milhões de brasileiros saíram de seus lares em busca de empregos no período, mas não encontraram.
Segundo a coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, a “redução da taxa de desocupação foi induzida por um aumento na população ocupada, que é a população que estava trabalhando, que atingiu um contingente de 100 milhões de pessoas, o maior da série”.
Com os juros do Banco Central (BC) ainda em níveis escorchantes, a retomada do emprego no país ainda é tímida. Ao todo, são 20,0 milhões de pessoas no país na chamada subutilização da força de trabalho (desempregados, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas, pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos, entre outras categorias).
Apesar de o contingente de pessoas ocupadas no país ter atingido mais um novo recorde, ao chegar em 100,5 milhões de pessoas, 39,2% deste total, ou 39,4 milhões brasileiros estão na informalidade, sem carteira de trabalho, ou qualquer direito trabalhistas, além de exercerem ofícios menos qualificados, com jornadas de trabalho excessivas e remunerações miseráveis. Em números absolutos, o contingente de trabalhadores informais é o maior da série histórica da pesquisa.
O contingente de pessoas trabalhando sem carteira no setor privado no país chegou a 13,4 milhões no trimestre encerrado em novembro – o maior da série histórica da pesquisa. O trabalho por conta própria atinge 25,6 milhões de pessoas e os classificados como empregadores – os sem CNPJs – são 4,2 milhões de pessoas.
No trimestre analisado, houve uma melhora no emprego com carteira assinada no setor privado, chegou a 37,7 milhões, uma geração de 935 mil postos em um ano. Assim, a população com carteira assinada no setor privado se aproximou do recorde máximo da série histórica da Pnad Contínua, registrado no segundo trimestre de 2014, quando ficou em 37,8 milhões de trabalhadores.
Por agrupamentos de atividade, do trimestre móvel de setembro a novembro, houve um aumento no número de trabalhadores da Indústria Geral (2,9%, ou mais 369 mil pessoas) e na Construção (2,8%, ou mais 199 mil pessoas), ambas em relação ao trimestre anterior.
“A expansão da atividade de construção ocorreu principalmente por meio da informalidade, com o aumento do emprego sem carteira e por conta própria sem CNPJ, enquanto a indústria impulsionou os trabalhos formais”, destacou Beringuy.
Já em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2022, houve um avanço na relação de empregos em Transporte, armazenagem e correio (4,3%, ou mais 228 mil pessoas), Alojamento e alimentação (4,0%, ou mais 207 mil pessoas), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (4,0%, ou mais 486 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,3%, ou mais 403 mil pessoas).
Por fim, o rendimento médio real avançou em 2,3% no trimestre e chegou a R$ 3.034. No ano, a alta foi de 3,8%. Já a massa de rendimento real habitual foi estimada em R$ 300,2 bilhões – recorde da série histórica, sendo uma alta 3,2% frente ao trimestre anterior e de 4,8% na comparação anual.