Dados do Observatório Nacional dos Direitos Humanos, do Ministério dos Direitos Humanos, divulgaram que a cidade de São Paulo concentra 25% da população em situação de rua do país. O índice equivale a 55.000 pessoas vivendo sem uma residência formal na capital paulista. Também é maior, por exemplo, do que a população total de 89% dos municípios brasileiros.
O levantamento aponta que as 5 cidades com a maior população de rua são grandes capitais. O Rio de Janeiro ocupa o 2º lugar na posição, com 14.000 pessoas, seguido de Belo Horizonte (12.000), Salvador (8.000) e Brasília (7.000). No total, o país conta com 221 mil brasileiros vivendo nas ruas.
O Estado de São Paulo – que tem o maior PIB do país – e que teve a verba do programa Bolsa do Povo esvaziada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), também concentra a maior população de rua do Brasil, com 91.434 pessoas, o equivalente a 41% do total. Os Estados de Minas Gerais (23.255), Rio de Janeiro (20.452), Bahia (11.725) e Paraná (11.319) também estão entre os maiores registros. Na proporção com a população local, o Distrito Federal lidera a lista: 0,26% dos habitantes da unidade federativa se encontram nas ruas.
Um decreto orçamentário congelou 100% do que deveria ser aplicado com o programa Bolsa do Povo Educação (estudante), 95% da Bolsa do Povo Educação (responsável legal) e 36% do Bolsa Trabalho. O total remanejado chega a R$ 738,9 milhões. Criado em 2021, o Bolsa do Povo e incorporou ações como o Viva Leite e o Vale Gás, programas direcionados à população carente no estado.
A tendência de empobrecimento da população paulistana já se consolidava em 2022. Um estudo divulgado em janeiro daquele ano, mostrou que a cidade registrou recorde no número de pessoas em situação de rua ao longo de 2022: 48.261 pessoas em situação de rua – o maior número já registrado desde o início da série histórica, em 2012. O estudo é do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (Polos-UFMG), com base em dados do Cadastro Único.
Com relação a 2023, o estudo revela, ainda, que o perfil do público pesquisado é predominantemente masculino (88%) e negro (68%). A maior parte está agrupada na faixa etária entre 30 e 49 anos (57%). A maioria sabe ler e escrever (90%), mas apenas 2% frequentam unidades de ensino.
Questões familiares é citada por 44% dos entrevistados como a causa de estarem nas ruas, seguido do desemprego (38%), alcoolismo ou uso de drogas (28%). O tempo médio nas ruas é de até 2 anos, com 60% da população nessa condição. A parcela que está sem moradia formal há mais de 10 anos é de 12%.