Parques industriais diversificados, mais sensíveis aos níveis elevados das taxas de juros, lideram as perdas industriais, ressalta o Iedi
A produção da indústria nacional cresceu 0,5%, de outubro para novembro do ano passado, já descontado os efeitos sazonais, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado “virtualmente estagnado”, segundo o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) no acumulado de janeiro a novembro, com uma variação de +0,1% sobre o mesmo período de 2022, indica o quanto está travada a produção industrial brasileira.
Agravando a situação, os parques industriais mais diversificados, em ramos de atividade, foram os que mais influenciaram para baixo os resultados nacionais. O destaque nesse grupo é São Paulo, principal polo industrial do país, com queda de -1,4% sobre o mesmo período acumulado de jan-nov/22. E, ainda, Rio Grande do Sul (-4,4%) e o Nordeste como um todo (-4,0%).
A indústria paulista até teve uma diminuta melhora ao longo do ano. Não foi suficiente para recolocá-la na trajetória de crescimento. Teve um recuo de -2,1% no acumulado do primeiro semestre do ano, caiu a metade disso no 3º trim/23 (-1,0%) e no bimestre out-nov/23 (-0,2%).
Entre os ramos da indústria paulista com algum crescimento estão: bebidas, têxteis, máquinas e aparelhos elétricos, borracha e plástico e derivados de petróleo. Outros ramos continuaram no vermelho, sobretudo produtos químicos e farmacêuticos e farmoquímicos, ressalta o Iedi.
Ao contrário, os parques industriais ligados às atividade primárias como agricultura, pecuária, extração mineral estiveram à frente, com 55% deles apresentando aumento de produção. Apenas os produtos primários dos ramos extrativos tiveram uma variação de +6,1%, portanto, com forte influência no resultado geral.
Entre as maiores altas aqueles especializados no ramo extrativo e no processamento de commodities agrícolas, como Espírito Santo (+9,4%), Pará (+4,5%), Rio de Janeiro (+4,4%), Mato Grosso (+5,4%) e Goiás (+4,9%).
A indústria de transformação, no total geral, encolheu -0,9% neste período. No interior da indústria de transformação, 63% de seus ramos apresentaram retração em jan-nov/23, tendo entre os casos mais graves equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (-10,9% ante jan-nov/22) e máquinas e aparelhos elétricos (-10,5%), mas também máquinas e equipamentos (-7,0%) e veículos e autopeças (-6,8%).
“De fato, atividades associadas ao investimento e mais sensíveis aos níveis elevados de taxas de juros lideram as perdas industriais em 2023. A produção de bens de capital acumula queda de -10,7% em jan-nov/23 e a de bens de consumo duráveis viram seu dinamismo se reduzir muito ao longo do ano”, destaca o Iedi.