Agora é oficial. Segundo investigações, ex-presidente Jair Messias Bolsonaro sequer estava na capital paulista na data da suposta vacinação. Órgão não apontou os responsáveis pela fraude
A CGU (Controladoria-Geral da União) concluiu que é falso o registro do certificado de vacinação contra o coronavírus do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O órgão de controle finalizou a investigação após pedido de acesso à informação ao CNVC (Certificado Nacional de Vacinação Covid-19) do então chefe do Executivo, com base na Lei 12.527/11 — LAI (Lei de Acesso à Informação) —, aberto no final de 2022.
A CGU, então, identificou inconsistências no certificado de vacinação de Bolsonaro. O órgão não apontou os responsáveis pela fraude.
De acordo com os dados constantes do sistema do Ministério da Saúde, no CNV (Cartão Nacional de Vacinação) do ex-presidente da República, há registro contra a covid-19, que teria ocorrido em 19 de julho de 2021, na UBS (Unidade Básica de Saúde) Parque Peruche, em São Paulo.
BOLSONARO NÃO ESTAVA EM SP
Segundo as investigações, o ex-presidente não estava na capital paulista nesta data. Ele foi para Brasília um dia antes e não fez nenhum outro voo até dia 22 de julho.
Além disso, a CGU também verificou informações sobre o lote da suposta vacina. Os dados mostraram que o imunizante que Bolsonaro “tomou” não estava disponível na UBS naquele dia.
Em depoimento aos auditores da CGU, a enfermeira indicada no cartão de vacinação negou que tenha aplicado a dose e disse, ainda, que não trabalhava mais na unidade de saúde à época.
LISTA DE VACINAÇÃO
Os depoimentos foram corroborados pela análise dos livros físicos mantidos pela UBS para registro da vacinação da população. Não foi localizado, nos papéis relativos ao dia 19 de julho de 2021, a presença do ex-presidente na lista de vacinação.
Ainda de acordo com o órgão, “outros dois registros de imunização, que teriam se dado em Duque de Caxias (RJ), haviam sido efetuados por agentes municipais, mas cancelados antes mesmo do início das investigações pela CGU.”
Em relação aos registros feitos no Rio de Janeiro, logo em diligências iniciais, os auditores verificaram a existência de possível esquema de fraude em cartões de vacinação, envolvendo o secretário municipal.
OPERAÇÃO VENIRE DA PF
Essas descobertas da CGU, na cidade fluminense, culminaram na deflagração da Operação Venire pela PF (Polícia Federal), que revelou também a ligação de agentes públicos federais e municipais com o esquema.
E, ainda, do tenente-coronel Mauro Cid, ex-Ajudante de Ordens da Presidência da República, preso preventivamente em maio de 2023, em razão da falsificação.
“Portanto, quanto à vacinação que teria ocorrido em São Paulo — único registro que ainda permanece no cartão de vacinação do ex-chefe do Executivo — a CGU encerrou seus trabalhos no final de 2023”, está escrito na nota.
“A conclusão foi que se trata de fraude ao sistema estadual de registro de vacinação contra a covid-19”, finalizou.
CID DELATA BOLSONARO
Em outubro de 2023, em colaboração premiada à PF, Cid admitiu a participação dele no esquema da fraude nos cartões de vacinação e apontou Bolsonaro como o mandante da falsificação.
O ex-chefe do Executivo pediu que os cartões dele e da filha, Laura, de 13 anos, fossem fraudados, segundo o ex-faz-tudo de Bolsonaro. Segundo o tenente-coronel, os documentos fraudados foram impressos e entregue em mão ao ex-presidente para que ele usasse quando “achasse conveniente”.
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