Com telefonemas entre ministros do Exterior iraniano e paquistanês governos dos dois países se dispuseram a atuar contra o agravamento das tensões entre as duas partes
Irã e Paquistão sinalizaram, em telefonema entre seus respectivos ministros das Relações Exteriores, sua disposição de evitar o agravamento das tensões entre as duas partes, depois de troca de ataques com drones e mísseis em bases de separatistas no território um do outro.
O secretário geral da ONU, Antonio Guterres, exortou as duas partes à “máxima contenção”, a mesma solicitação da Rússia, China e Turquia. Irã e Paquistão integram a Organização de Cooperação de Xangai, ao lado da Rússia e da China.
Analistas acusaram Washington e Tel Aviv de agirem por trás dos panos para incendiar o Oriente Médio e a Ásia Ocidental, buscando dividir as nações muçulmanas via provocações por grupos teleguiados e facilitar o genocídio e a limpeza étnica em curso tirando o foco da luta mundial contra a agressão aos palestinos em Gaza.
Uma declaração do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão informou que o chanceler, Jalil Abbas Jilani, conversou com seu colega iraniano, Hossein Amirabdollahian, na sexta-feira (19), um dia depois que o Paquistão realizou ataques no Irã.
“O ministro das Relações Exteriores, Jilani, expressou a disposição do Paquistão de trabalhar com o Irã em todas as questões com base no espírito de confiança e cooperação mútuas”, disse o comunicado.
“Ele ressaltou a necessidade de uma cooperação mais estreita em questões de segurança”, completou.
O contato acontece após uma ligação entre Jilani e seu colega turco, na qual Islamabad disse que “o Paquistão não tem interesse ou desejo de escalada”.
A chancelaria disse ainda que “o Paquistão respeita plenamente a soberania e a integridade territorial da República Islâmica do Irã”.
Os embates aconteceram em áreas fronteiriças, caracterizadas pela presença de grupos separatistas, seja na província iraniana de Sistão-Baluchistão, seja no vizinho Baluchistão paquistanês. Nessa região, os dois países compartilham uma fronteira de quase mil km.
Na terça-feira (16), o Irã atacou uma base no Paquistão do grupo separatista Jaish Al Ad, apoiado por Washington e Tel Aviv. Na quinta-feira, foi a vez do Paquistão bombardear o que chamou de base separatista em território iraniano. Antes, havia retirado seu embaixador de Teerã.
Nas duas refregas, nove pessoas morreram – inclusive quatro crianças – na província iraniana atacada e, antes, duas crianças no Baluchistão paquistanês.
No início da semana, o Irã também atacou com mísseis e drones bases takfiristas em Idlib, na Síria, uma instalação do Mossad em Erbil e ainda bases norte-americanas no Iraque. O que aconteceu após repetidos assassinatos de iranianos em solo sírio perpetrados por Israel e duas explosões anteriores no Irã, que custaram a vida de dezenas de pessoas.
No mesmo dia do contra-ataque de mísseis do Irã contra os centros operacionais do Mossad no Iraque, na Síria e no Baluchistão paquistanês, o chanceler indiano, Subrahmanyam Jaishankar, visitou Teerã, onde aprofundou os laços logísticos – reativando o porto de Chabahar e o Corredor Internacional Norte-Sul (Moscou/Teerã/Nova Delhi) – bem como a coperação intercivilizacional e cultural.
Também no mesmo dia os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e do Irã, Hossein Amir Abdolahián, comunicaram-se para acelerar a assinatura de um “tratado estratégico” abrangente.