Apostaram tudo na destruição do parque de refino nacional e alardeiam que é “repetir erro” retomar investimentos nas refinarias da Petrobrás
O lobby dos importadores de combustíveis resolveu iniciar uma campanha contra a retomada da construção Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, anunciada por Lula no final de semana. O fato do Brasil querer voltar a refinar o petróleo dentro do próprio país para atender, como já fazia, a demanda interna, a preços adequados, está atrapalhando os negócios e os lucros desses tubarões.
Eles escalaram parte da mídia – que aceita ser porta-voz de seus interesses – para alardear que a decisão de Lula de retomar a construção da refinaria pernambucana era “repetir os erros do passado”. Só esconderam o fato de que esses “erros do passado” são resultantes da alienação das refinarias do país, como fez Bolsonaro e Guedes, fazendo o país depender da importação dos combustíveis.
Desde os tempos de Getúlio Vargas, o Brasil refinava o seu petróleo, mesmo antes de produzi-lo internamente. Isso garantiu ao país o desenvolvimento de sua indústria de petróleo e também a segurança energética do país. Os governos neoliberais tentaram destruir tudo isso.
Os ataques contra a Petrobrás – que sempre existiram – se intensificaram com a chegada ao poder dos entreguistas a partir da década de 1990 e, também, na sua volta, em meados da década 2010.
Figuras como Joaquim Levy, Pedro Parente, Paulo Guedes e outros gostariam de vender não só as refinarias, mas a própria Petrobrás. O primeiro, contrariando o que Lula havia feito, começou com os “planos de desinvestimento”. Pedro Parente dolarizou os preços dos combustíveis e provocou aumentos quase diários dos preços dos combustíveis.
Parente, serviçal das multinacionais, já havia provocado um prejuízo – segundo cálculos de Fernando Siqueira, ex-presidente da Aepet – da ordem de US$ 100 bilhões à estatal, durante o governo FHC, ao vender as ações da empresa a preços subavaliados na bolsa de Nova Iorque. Essa política de destruição só não prosseguiu durante o governo Temer porque os caminhoneiros e o conjunto da sociedade não deixaram.
Quando Jair Bolsonaro e seu ‘chicago-boy’, Paulo Guedes, os maiores vendilhões da Pátria que o país já conheceu, se instalaram no Planalto, a partir de 2018, começou o esquartejamento da estatal e a venda das refinarias e de suas subsidiárias mais rentáveis. O plano inicial previa a venda de todas as refinarias, mas não deu tempo. Venderam quatro refinarias e cortaram recursos e investimentos nas demais.
O “grande erro”, na verdade, foi exatamente o de parar as obras – já iniciadas – das refinarias de Pernambuco e do Rio de Janeiro e suspender os planos de construção das outras refinarias no Norte e Nordeste. Aliás, não pararam só com as refinarias, deixaram também o país completamente dependente de importação de fertilizantes ao sabotarem as obras e venderem as fábricas de insumo agrícola. Foi uma verdadeira farra com o patrimônio público.
O país, obviamente, passou a importar óleo diesel e outros combustíveis. Os importadores – os mesmos que iniciaram esta campanha atual contra a retomada da Abreu e Lima – ganharam bilhões importando combustíveis para abastecer o mercado nacional.
Eles elevaram ainda mais os seus já superlucros, obrigando, com apoio de Guedes e Bolsonaro, a Petrobrás a cobrar em dólar pelo combustível que refinava internamente e pelo mesmo preço do combustível importado, acrescido das taxas de importação. Era a famosa Paridade de Preços de Importação (PPI), que extorquiu a população brasileira, estrangulou a economia e jogou a inflação na lua.
O lobby alardeia os “erros do passado”, referindo-se às denúncias de propina que ocorreram na Petrobrás quando ela aumentou os investimentos e descobriu o pré-sal.
Mas, o que escondem é que a empresa perdeu, vendo-se fatiada e tendo seus ativos mais valiosos leiloados a preço de banana, como ocorreu com a BR, com os gasodutos, as refinarias, as fábricas de fertilizantes e os seus campos de petróleo, durante os governos desastrosos de Temer e Bolsonaro, infinitamente mais que os desvios feitos por alguns de seus diretores durante aquele processo.
Criticam a decisão do governo de voltar a investir no desenvolvimento soberano do país e na retomada das refinarias, como fez Lula no fim de semana, pois isso atrapalha os seus ‘super-mega-lucros’, obtidos com a importação. Essa grita toda, portanto, é perfeitamente compreensível e não interessa ao Brasil.
São grandes grupos monopolistas internacionais, disfarçados de empresas brasileiras importadoras – os famosos ‘testas-de-ferro’ -, que não admitem a produção interna de combustíveis. O seu lobby e o de sua mídia querem, obviamente, continuar obrigando o país a importar combustíveis. Para eles, é um “desastre” produzir internamente a preços justos, como pode e deve fazer a Petrobrás, pois o que importa não são os interesses do País, mas, sim, seus escandalosos superlucros.