Depois de privatizada, a Vale deixou de ser uma empresa séria e responsável ambientalmente para tornar-se uma predadora privada e gananciosa que mata e destrói tudo em volta na busca esganada de superlucros
O presidente Lula usou as redes sociais nesta quinta-feira (25) para criticar o comportamento da empresa Vale no caso de Brumadinho, em Minas Gerais. Já faz cinco anos que a empresa causou um dos maiores desastres ambientais do país destruindo propriedades locas e matando 270 pessoas e nada foi feito para que os responsáveis paguem pelas vidas perdidas e pelo prejuízo causado.
“Hoje faz 5 anos do crime que deixou Brumadinho debaixo de lama, tirando vidas e destruindo o meio ambiente. 5 anos e a Vale nada fez para reparar a destruição causada”, denunciou o presidente. “É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”, acrescentou Lula.
A mineradora, que era exemplar quando era estatal, passou a ser gananciosa, predadora e extremamente irresponsável após a sua privatização em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso. Na fase estatal, a Vale do Rio Doce, como se chamava, tinha verbas para programas de defesa do meio ambiente. Com a privatização, isso acabou. Só prevaleceu a busca desenfreada por superlucros.
Além de extrair os minérios nacionais para vendê-los fora do país sem pagar impostos e burlando sistematicamente o pagamento justo pelos royalties, a Vale levou aos desastres, à destruição e às mortes, que estão impunes até hoje. O primeiro desastre havia sido em Mariana, em 2015, com o rompimento de uma barragem que matou 17 pessoas. De empresa exemplar, quando estatal, transformou-se, quando foi para as mãos dos monopólios privados – inclusive estrangeiros – numa empresa predadora do uma empresa assassina.
No dia 5 de novembro daquele ano, a Barragem do Fundão não conteve os 55 milhões de metros cúbicos de lama e arrebentou. A lama chegou em apenas 15 minutos à localidade de Bento Rodrigues, a 8 km da barragem. Esta cidade desapareceu soterrada pela lama e hoje restam somente escombros daquilo que eram casas. Por 16 dias, a lama seguiu o leito de 853 km do rio Doce e atingiu as cidades ribeirinhas provocando escassez de água, diminuição da pesca, do comércio e do turismo.
A lama chegou à bacia hidrográfica no dia 21 de novembro e os dejetos se espalharam num raio de 80 quilômetros causando graves prejuízos para a indústria local. Ao todo, 39 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo, onde moram 1,2 milhões de pessoas, habitam nestas cidades e viram suas vidas afetadas. Mais dois mil hectares de terras ficaram inundadas e inutilizadas para o plantio.
A responsabilidade foi da Samarco, uma empresa administrada pela Vale e pela multinacional anglo-australiana BHP Billiton.
A tragédia de Brumadinho ocorreu há cinco anos, exatamente no dia 25 de janeiro de 2017. Às 12:28 foi o exato momento em que a barragem da mina do Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, na Grande BH, se rompeu matando 270 pessoas – três ainda continuam desaparecidas. Doze milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério foram despejados na bacia do Rio Paraopeba. Até o momento, ninguém foi punido.
As indenizações se arrastam por anos sem que as pessoas atingidas pelo estouro da barragens tenham o devido tratamento. É a esta ganância sem fim da empresa que Lula se refere ao dizer que a “Vale nada fez para reparar a destruição causada”. Apesar de fazer propagandas televisivas tentando vender uma imagem de empresa preocupada com o meio ambiente, a Vale privatizada, com esse comportamento criminoso em relação às vitimas de Brumadinho, mostra que só pensa em superlucros e reduzir pagamentos de impostos.
Ouvido pelo HP, o deputado estadual José Célio de Alvarenga, o Celinho Sintrocel (PCdoB-MG) denunciou a situação das vitimas da Vale. “A população de Brumadinho e das cidades do entorno, no leito do Rio Paraopeba, sofreram drasticamente, assim como a população de Mariana e do leito do Rio Doce anos antes. E, eu, como deputado do Rio Doce, conheci de perto esse impacto no decorrer dos anos na vida e na economia das cidades”, diz o parlamentar.
A Vale privatizada matou pessoas, destruiu cidades e segue prejudicando a população da região atingida por sua ganância sem fim.
Uma pesquisa da Fiocruz Minas e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divulgada em julho de 2022, mostrou a alta concentração a metais pesados a que foi exposta a população de Brumadinho. Os dados revelaram que, entre os adolescentes, alguns metais estavam, há época, acima dos limites de referência, com destaque para arsênio total na urina (28,9% com mais de 10 μg/g creatinina), manganês no sangue (52,3% com mais de 15 μg/L) e chumbo no sangue (12,2% com mais de10 μg/dL). Nos adultos foram identificadas elevadas quantidades de níveis aumentados de arsênio total na urina (33,7%) e de manganês no sangue (37%).