A partir da próxima segunda-feira (19), a Mostra Permanente de Cinema Italiano inicia o seu 9º ano de programação homenageando obras e atores considerados imortais da cultura italiana e mundial.
A 9ª Mostra Permanente de Cinema Italiano é uma realização do Centro Popular de Cultura da UMES e, ao longo de 2024, o Cine-Teatro Denoy de Oliveira, no Bixiga, receberá 43 obras de 27 diretores e diferentes períodos da cinematografia italiana, sempre às segundas-feiras e pontualmente às 19 horas.
Nesta segunda-feira, o filme de estreia deste ano da Mostra será o clássico “Ontem, Hoje e Amanhã”, de Vittorio De Sica (1963).
A seleção das obras é fruto de muito empenho e pesquisa da equipe do CPC que se dedica ao trabalho desde 2016. “Muito além dos clássicos eternizados, trouxemos à tela pequenos tesouros desconhecidos pelo público brasileiro”, destaca a equipe.
Neste 9º ano, a Mostra faz três diferentes homenagens: o filme “Nós que nos Amávamos Tanto”, de Ettore Scola, que completa 50 anos em 2024 e as lendas do cinema Marcello Mastroianni e Sophia Loren.
Integrante da curadoria da Mostra, Luisa Lopes, falou à Hora do Povo sobre o trabalho desenvolvido pelo Cine-Teatro, de divulgação desta cinematografia em um dos bairros da cidade onde a cultura italiana está em maior evidência e a escolha das homenagens deste ano. “Abrimos nossas portas a todos que se interessem em conhecer algum outro caminho que não seja o do subproduto americano. E não nos arrependemos”, destacou Luisa.
Veja a entrevista:
A Mostra Permanente chega ao seu 9º ano com centenas de filmes exibidos e tornando-se cada vez mais uma referência na divulgação da cinematografia italiana. Como você avalia este trabalho?
Acho que fizemos uma “construção” de público muito interessante até aqui. Com oito edições completas da Mostra e quase 300 filmes exibidos (sem contar as reprises), conhecemos pessoas que nos acompanham desde o primeiro ano, mas também vemos uma grande rotatividade de pessoas novas a cada sessão.
Muitas vezes percebemos que as pessoas vem ao nosso espaço sem sequer saber qual filme vamos exibir, pois acho que já existe uma relação de confiança entre nós e o público e eles sabem que aqui vão encontrar uma boa programação. Isso revela uma coisa: as pessoas estão à procura de uma boa programação cultural e que não custe uma fortuna.
Em São Paulo, enquanto os cinemas comerciais oferecem pouca diversidade de obras a serem exibidas, beneficiando a indústria hollywoodiana e cobrando um preço alto no ingresso, assumimos o caminho contrário: abrimos nossas portas a todos que se interessem em conhecer algum outro caminho que não seja o do subproduto americano. E não nos arrependemos.
Em seu artigo “Nós Que Nos Amávamos Tanto” – um clássico imortal sobre uma Itália que não se entende”, você afirma que a obra de Ettore Scola “é um daqueles clássicos que nunca ficam velhos, nunca se tornou obsoleto”. Por que esta é considerada uma obra “imortal”?
“Nós Que Nos Amávamos Tanto” é uma representação um pouco triste de um período de 30 anos da história italiana. Acho que a ideia central do filme é demonstrar como as relações humanas foram se desfazendo ao longo dos anos, e mais ainda nos momentos em que o necessário era estreitar essas relações.
Creio que o filme fala sobre o que nós – a humanidade – foi perdendo ao longo dos anos, em nome do que chamamos de “moderno” mas que tem beneficiado apenas uma minoria da população mundial. Com esse e mais um punhado de bons filmes, Ettore Scola soube cutucar os problemas de sua sociedade, que não são muito diferentes dos nossos.
Gostaria que você falasse um pouco sobre os atores homenageados ano: Marcello Mastroianni e Sophia Loren, considerados lendas do cinema mundial, mas que são cada vez menos conhecidos das novas gerações. Por que é preciso relembrar destas figuras?
Até hoje, nenhum ator italiano alcançou o sucesso de Sophia Loren e Marcello Mastroianni na TV e no cinema. A atuação de ambos ia além da beleza e da técnica, tinha força e elegância. Entre os dois, se desenvolveu uma grande amizade de anos. Talvez por isso, quando os vemos atuando juntos, sentimos tanta química.
Acredito que a dupla também seja a representação de uma época para os italianos. Os dois sofreram com a devastação causada pela 2ª Guerra Mundial. Depois, o cinema italiano emergiu com energia e Sophia Loren e Marcello Mastroianni despontaram.
PROGRAMAÇÃO DE 2024
A 9ª Mostra Permanente de Cinema Italiano traz 43 filmes de 27 diretores ao longo de todo o ano, sempre às segundas-feiras, 19h, com entrada gratuita.
Para contato e informações, siga o perfil do Cine-Teatro no Instagram: @cineteatrodenoy
Veja a programação:
19/02 – ONTEM, HOJE E AMANHÃ
Vittorio De Sica (1963), 118 min. Comédia/Romance
26/02 – UMBERTO D.
Vittorio De Sica (1952), 89 min. Drama
04/03 – PERIGO: DIABOLIK
Mario Bava (1968), 105 min. Crime/Ação
11/03 – OS REVOLTOSOS
Francesco Maselli (1955), 102 min. Drama/Guerra
18/03 – TOTÓ FORA DA LEI
Camillo Mastrocinque (1956), 104 min. Comédia
25/03 – DOIS DESTINOS
Valerio Zurlini (1962), 115 min. Drama
01/04 – A MOÇA COM A VALISE
Valerio Zurlini (1961), 111 min. Romance/Drama
08/04 – KAPO – UMA HISTÓRIA DO HOLOCAUSTO
Gillo Pontecorvo (1960), 116 min. Drama/Guerra
15/04 – A BATALHA DE ARGEL
Gillo Pontecorvo (1966), 121 min. Drama/Guerra
22/04 – O PRIMEIRO HOMEM
Gianni Amelio (2011), 101 min. Drama
29/04 – BLOW UP – DEPOIS DAQUELE BEIJO
Michelangelo Antonioni (1966), 111 min. Thriller/Mistério
06/05 – PROFISSÃO: REPÓRTER
Michelangelo Antonioni (1975), 119 min. Thriller/Mistério
13/05 – O MUNDO PERDIDO
Vittorio De Seta (1954-59), 120 min. Documentário/Curta-Metragem
20/05 – O LADRÃO APAIXONADO
Mario Monicelli (1960), 106 min. Comédia/Drama
27/05 – O MARQUÊS DO GRILO
Mario Monicelli (1981), 135 min. Comédia/Ficção Histórica
03/06 – SACCO E VANZETTI
Giuliano Montaldo (1971), 125 min. Drama/História
10/06 – AGNES VAI MORRER
Giuliano Montaldo (1976), 135 min. Drama/Guerra
17/06 – A DÉCIMA VÍTIMA
Elio Petri (1965), 93 min. Ficção Científica/Comédia
24/06 – A PROPRIEDADE NÃO É MAIS UM ROUBO
Elio Petri (1973), 125 min. Comédia/Thriller
01/07 – ABAIXO A MISÉRIA!
Gennaro Righelli (1945), 90 min. Comédia/Drama
08/07 – A GRANDE BELEZA
Paolo Sorrentino (2013), 142 min.Comédia/Drama
15/07 – NÁPOLES MILIONÁRIA
Eduardo De Filippo (1950), 102 min. Comédia/Drama
22/07 – ERA UMA VEZ NO OESTE
Sergio Leone (1968), 175 min. Faroeste
29/07 – O BOM, O MAU E O FEIO (TRÊS HOMENS EM CONFLITO)
Sergio Leone (1966), 161 min. Faroeste
05/08 – MUSSOLINI – O ÚLTIMO ATO
Carlo Lizzani (1974), 135 min. Guerra/Drama
12/08 – OS PALHAÇOS
Federico Fellini (1970), 92 min. Comédia/Fantasia
19/08 – SESSÃO DUPLA: TOBY DAMMIT e ENSAIO DE ORQUESTRA
Federico Fellini (1968/1978), 115 min. Terror/Comédia
26/08 – AMORES NA CIDADE
Antonioni, Fellini, Lattuada, Lizzani, Maselli, Dino Risi, Zavattini (1953), 115 min. Drama/Romance
02/09 – SEM PIEDADE
Alberto Lattuada (1948), 95 min. Crime/Thriller
09/09 – O MAFIOSO
Alberto Lattuada (1962), 105 min. Comédia/Crime
16/09 – A VISITA
Antonio Pietrangeli (1964), 107 min. Comédia/Romance
23/09 – NÓS QUE NOS AMÁVAMOS TANTO
Ettore Scola (1974), 127 min. Comédia/Drama
30/09 – UM DIA MUITO ESPECIAL
Ettore Scola (1977), 106 min. Drama
07/10 – A IRRESISTÍVEL SABELLA
Dino Risi (1957), 99 min. Comédia
14/10 – ALMAS PERDIDAS
Dino Risi (1977), 102 min. Mistério
21/10 – SESSÃO DUPLA: A RICOTA e TEOREMA
Pier Paolo Pasolini (1963/1968), 133 min. Comédia/Mistério
28/10 – POCILGA
Pier Paolo Pasolini (1969), 99 min. Drama/Grotesco
04/11 – ALLEGRO NON TROPPO
Bruno Bozzetto (1976), 85 min. Fantasia/Musical
11/11 – OS GIRASSÓIS DA RÚSSIA
Vittorio De Sica (1970), 107 min. Guerra/Drama
18/11 – O LEOPARDO
Luchino Visconti (1963), 186 min. Drama/História
25/11 – POR UM DESTINO INSÓLITO
Lina Wertmüller (1974), 116 min. Comédia/Aventura