As taxas de juros cobradas pelos bancos nos empréstimos a pessoas físicas seguem em níveis elevados no país, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) realizar mais um corte de grão de areia, de apenas 0,5 ponto percentual, na taxa básica de juros da economia (Selic), que saiu de 11,75% para 11,25% ao ano, no final de janeiro.
Entre janeiro e fevereiro de 2024, a taxa média de empréstimos pessoais nos seis maiores bancos do país (Itaú, Santander, Bradesco, Safra, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) caiu apenas 0,01 ponto percentual, de 7,95% para 7,94% ao mês (a.m), de acordo com uma sondagem feita pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisas da Escola de Proteção e Defesa do Consumidor da Fundação Procon-SP, divulgada na última quinta-feira (15).
Ao ano, a taxa média cobrada pelos principais bancos do país ficou em 150%.
A pesquisa aponta, ainda, que os juros cobrados pelos bancos privados, Santander (9,99%), Bradesco (9,61%), Itaú (9,53%), e Safra (7,25%) são bem superiores do que as taxas cobradas pelos bancos públicos, Caixa Econômica Federal (4,96%) e Banco do Brasil (6,27%). Destes, o Bradesco (-0,03 p.p) e Itaú (-0,04 p.p) reduziram suas taxas no período em análise.
Já a taxa média do cheque especial permanece sem alteração desde fevereiro de 2021, com uma taxa média de juros de 7,96% ao mês em todos os bancos pesquisados. Desde janeiro de 2020, a cobrança dos juros para o cheque especial está limitada a 8%, segundo a Resolução nº 4.765, de 27 de novembro de 2019, do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Os brasileiros seguem entre os maiores pagadores de juros do mundo diante da própria decisão do Banco Central (BC) de sustentar a Selic acima de dois dígitos em um quadro de inflação baixa.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), mesmo com os quatro cortes na Selic, realizados de agosto a dezembro de 2023, a taxa de juros real – que desconsidera os efeitos da inflação – ficou em 7,65% ao ano, sendo 3,15 pontos percentuais acima da taxa de juros neutra, aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica.
“O nível absurdo da taxa de juros real tem custado muito caro para a atividade econômica do país”, disse o presidente CNI, Ricardo Alban, ao classificar a decisão do Copom como “injustificável”, e afirmar que o colegiado precisa ter a necessária compreensão da realidade brasileira e maior agressividade no ritmo de queda da taxa Selic.
“Sem essa mudança urgente de postura, seguiremos penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos emprego e renda”, advertiu Alban, em nota.