O Ministério das Relações Exteriores decidiu pelo retorno do embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, ao Brasil para consulta em resposta ao governo ditatorial de Israel que chamou o diplomata em Tel Aviv para fazer cobrança pelas declarações de Lula.
Lula denunciou que Israel está cometendo um genocídio na Faixa de Gaza.
No domingo (18), Lula falou que o massacre de palestinos realizado só pode ser comparado a “quando Hitler resolveu matar os judeus”.
Israel, buscando espaço para continuar a matança, respondeu ao presidente brasileiro, tornando-o “persona non grata”, e chamou o embaixador Frederico Meyer para uma arrogante ação de constrangimento no Memorial do Holocausto.
Desde o dia 7 de outubro, Israel já assassinou mais de 29 mil civis na Faixa de Gaza, além de ter deixado outros 69 mil feridos. Calcula-se que 9 mil pessoas estão desaparecidas sob os escombros deixados pelas bombas israelenses.
70% das vítimas são crianças e mulheres.
Por isso, Lula afirmou que o que está acontecendo“não é guerra entre soldados e soldados, é uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças”.
Ao mesmo tempo em que reclama da declaração de Lula e tenta argumentar que está apenas se “autodefendendo” ao atacar a Palestina, Israel bombardeia regiões para onde os civis se deslocaram, fechando até mesmo hospitais.
Em Khan Younis, cidade que fica na região central de Gaza, os ataques por terra e ar de Israel forçaram o fechamento do Hospital Nasser. Israel cercou a instalação por semanas.
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, informou no domingo (18), mesmo dia da manifestação de Lula, que o Hospital Nasser já não tinha mais condições de funcionar por conta do “cerco de uma semana seguido de um ataque contínuo”.
A Agência da ONU na Palestina (UNRWA) assinalou que os ataques realizados contra Khan Younis forçam os civis a se deslocarem, mais uma vez, em direção ao sul.
A cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, hoje abriga 1,5 milhão de pessoas, o equivalente a mais de seis vezes a sua população antes do início da guerra.
Israel está sendo julgado na Corte Internacional de Justiça (CIJ) por genocídio, após denúncia feita pela África do Sul com apoio do Brasil e de outros países.
Benjamin Netanyahu era muito próximo de Jair Bolsonaro, por quem já foi chamado de “grande amigo”. O primeiro-ministro esteve no Brasil para a posse de Bolsonaro, em 2019, e recebeu o ex-presidente em Israel em diferentes ocasiões.
Para agradar os israelenses e ajudá-los na ocupação das terras palestinas, Jair Bolsonaro tentou transferir a Embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Devido à pressão contrária, a transferência não ocorreu.
Em 2021, durante a pandemia de Covid-19, Jair Bolsonaro foi com uma comitiva para Israel a fim de, supostamente, avaliar um spray nasal contra o coronavírus que nunca foi colocado em prática. Nas manifestações com seus apoiadores, muitas vezes para atacar a democracia, Jair tinha o costume de levar bandeiras de Israel.