Investimento de R$ 21 milhões em projetos do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), de Minas Gerais, poderá posicionar o Brasil na vanguarda da tecnologia 6G
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), sob a liderança da ministra Luciana Santos, está investindo, através do Programa Prioritário em Informática e a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), R$ 21 milhões em projetos do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), de Minas Gerais, que poderá posicionar o Brasil na vanguarda da tecnologia 6G. Os investimentos anunciados pelo governo Lula foram possíveis porque a nova gestão do MCTI recuperou as fontes de financiamento que haviam sido destruídas no governo Bolsonaro.
PROTAGONISMO
Para especialistas do setor, discutir e desenvolver o 6G pode colocar o Brasil, pela primeira vez, em condições de não ser um mero consumidor da tecnologia de comunicação móvel, mas, sim, de ter protagonismo em um salto tecnológico sem precedentes e fazer do País um provedor e exportador de tecnologia de ponta.
O Centro de Competência Embrappi em Tecnologia e Infraestrutura de Conectividade 5G e 6G, que também participa do projeto, foi criado em maio de 2023. A unidade vai receber investimentos de R$ 60 milhões em um período de 42 meses para desenvolver uma série de ações que combinam ampliação e capacitação de recursos humanos, associação tecnológica e atração e criação de startups.
Enquanto o país aguarda a implantação definitiva da internet 5G, os pesquisadores do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) já preparam a sexta geração (6G), que deverá ser implantada a partir de 2032. Eles também tiveram um papel destacado na disputa internacional pelo desenvolvimento da tecnologia 5G. Vários projetos com essa tecnologia foram desenvolvidos e testados em Santa Rita do Sapucaí, onde fica a sede do instituto.
Reportagem de Daniela Maciel, do Diário do Comércio de MG mostra que, “se o 5G prometia baixa latência, cobertura de vazios geográficos e a chamada internet das coisas (IoT), entre outros atributos, em 2018 os professores do Inatel já sabiam que algumas dessas funcionalidades não atingiriam o seu grau máximo de eficiência naquela onda de inovação e já começaram, então, a preparar o 6G”.
TECNOLOGIA DO FUTURO
Segundo o coordenador de Pesquisa do Brasil 6G e coordenador de Pesquisa do Centro de Referência em Radiocomunicações (CRR) do Inatel, Luciano Leonel Mendes, a criação do Brasil 5G foi fundamental para que o Brasil passasse a integrar os esforços mundiais de pesquisa sobre as próximas gerações de comunicação móvel.
“Havia uma indicação de que existiam funcionalidades prometidas que o 5G não iria entregar. Assim começaram a surgir os primeiros projetos em 6G. O primeiro na Finlândia e custou mais de R$ 1 bilhão. Aqui foi formado o Brasil 5G e, na primeira fase, queríamos entender as demandas nacionais que não seriam atendidas pelo 5G. A pandemia evidenciou que uma interação em vídeo e voz não era eficiente em termos de convivência humana e o 5G não ia transpor essa barreira. Também o alcance em áreas desconectadas e demandas de setores como saúde, mineração, agronegócios que não foram ouvidas”, relembra Mendes.
As demandas específicas brasileiras são o foco dos pesquisadores mineiros. O Projeto Brasil 6G propõe soluções para essas demandas, indicando quais tecnologias seriam necessárias para que os setores possam ser suportados em uma rede 6G levando-se em conta em um ambiente diverso como o Brasil. Agora o projeto está na terceira fase, com teste em ambientes mais realistas, em protótipos. Os pesquisadores podem acessar o ambiente remotamente para estudar lacunas em custos e operação.
DESENVOLVIMENTO DO BRASIL
“Ao longo desse período houve um interesse contínuo do governo brasileiro em apoiar as pesquisas. Existe um entendimento sobre o enorme valor estratégico desses estudos para o desenvolvimento do Brasil e temos sucesso em algumas fontes de financiamento e parcerias com universidades e centros de pesquisas estrangeiros. É claro que esse financiamento não está no mesmo nível que acontece na Europa e nos Estados Unidos, mas isso nos permite contribuir de forma significativa com os estudos mundiais”, pontua o pesquisador.
Um dos grandes desafios para que as pesquisas avancem, segundo os professores do Inatel, é conseguir manter os pesquisadores no Brasil. A concorrência global por profissionais capacitados em tecnologia de ponta cresce exponencialmente e como já é notório, o País segue exportando mão de obra.
“Sofremos com o desafio de manter as pessoas. Tenho muitos colegas que foram para Europa e EUA. De certa forma, ficamos orgulhosos com isso, mas gastamos muito esforço e recursos na formação dessas pessoas que acabam indo produzir em outro lugar. Como o assunto é muito específico, quem vem do mercado tem que ser formado novamente. Para mudar isso, precisamos aquecer o mercado criador de conhecimento”, afirmou Mendes.
RETER MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA
“A perenidade dos projetos garante que as pessoas fiquem. Quem quer pesquisar tem que entrar para uma universidade. Com a criação do Centro de Competência Embrappi 5G e 6G e de um ecossistema com várias empresas associadas, o valor dessas pessoas vai ser percebido. A tendência é a de que as empresas queiram essas pessoas nos seus quadros para fazer desenvolvimento científico que permita o desenvolvimento de produtos inovadores”, acrescentou.
Se o 5G prometia a entrada definitiva do planeta na era da “internet das coisas” (IoT), o 6G pode romper a barreira da biologia e nos levar para um novo patamar de conexão entre as coisas, as pessoas e a natureza. Será a era da hiperconectividade através de nanobiossensores. O 6G seria “o homem conversando com as máquinas, as máquinas conversando com o homem e ambos conversando com a natureza”, prossegue o pesquisador. “É a chamada “conectividade ubíqua” que abre a perspectiva de uma “internet dos sentidos”, comentou.
Com informações do Diário do Comércio de MG
Acho que uma notícia assim não é positiva.
Vcs deviam ver os países que desenvolveram a tecnologia, de onde partiram e quanto invistiram na 6G, para ver que distância nos separa deles!
Investimento em ciências é sempre bem-vindo, mas ufanismos são contraproducentes!