“Em nosso programa de governo, na parte que trata da cultura, enfatizamos a necessidade urgente de restabelecermos o protagonismo do Estado como formulador e indutor das prioridades culturais públicas. O incêndio que destruiu o Museu Nacional no último domingo é a prova de que a presença do Estado nesta área não existe. O museu estava completamente abandonado”, afirmou, João Goulart Filho, candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre (PPL), nesta segunda-feira (3).
“O que vemos é que, com essa política neoliberal que só privilegia bancos, o nosso país e a nossa cultura estão sendo destruídos. Não sobram recursos para a sociedade”, observou Jango. “O Museu Nacional foi vítima da negligência do governo com a sociedade”, denunciou o candidato. Em nota, divulgada na manhã desta segunda em suas redes sociais, João Goulart culpou a política econômica e os cortes de verbas públicas pela tragédia do fim de semana.
“O incêndio do Museu Nacional é um crime contra o patrimônio brasileiro, que tem culpados: os cortes dos últimos governos à ciência, à cultura, à educação”, disse ele, em seu Twiter.
“Todos os que se preocupam com a cultura brasileira estão consternados com o incêndio que se abateu sobre o Museu Nacional”, destacou o filho do ex-presidente Jango. Para ele, “a falta de interesse desse governo com a cultura nacional e os cortes sistemáticos de verbas foram as principais causas” do que ele chamou de “tragédia anunciada”.
Os cortes de verbas do Museu vêm ocorrendo desde 2014. Se agravaram no último ano e seus administradores, inclusive, já tinham denunciado a vulnerabilidade da instituição. Chegaram a fazer campanhas de arrecadação para manter o órgão funcionando e para salvar projetos abarcados pelo museu.
João Goulart considera fundamental a proteção do patrimônio cultural brasileiro.
Para Goulart, “a perda que ocorreu neste fim de semana é inestimável”. Entre as mais de 20 milhões de peças do acervo destruídas está o esqueleto de Luzia, a primeira representante da espécie humana a ocupar as Américas, uma descoberta do arqueólogo brasileiro Walter Neves, expoente do movimento Cientistas Engajados e candidato a deputado federal pelo mesmo partido de Jango.
O presidenciável afirma em seu programa que cabe ao governo zelar pelo estrito cumprimento, através pelo MinC e do Estado brasileiro, das disposições sobre cultura expressas na Constituição Federal. Em seu artigo 215, a Constituição afirma que “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional (…)”. “Não é nada disso o que o governo vem fazendo. As suas prioridades são outras”, disse o filho de Jango.
De acordo com Goulart, é “inadmissível que o MinC e o Ministério da Educação se recusem a passar os recursos necessários para órgãos como o Museu Nacional”. Goulart condenou a fala do ministro da articulação política de Temer, Carlos Marun, que, com sua truculência habitual, culpou os aposentados pelo incêndio. O auxiliar de Temer disse que enquanto houver déficit na Previdência não há como atender a todos os setores. “O que este ministro disse é um escárnio contra a população”, denunciou João Goulart.
No final da tarde, o candidato do PPL participou de uma manifestação na Avenida Paulista em protesto pelo descaso do governo com o Museu Nacional e com o patrimônio inestimável que foi destruído pelas chamas de domingo. João Goulart afirmou que “não há como não se indignar com a política neoliberal que está destruindo a economia e que, com seus cortes irresponsáveis de verbas, atingiu em cheio o acervo do Museu Nacional”. “É necessário nos unirmos para mudar urgentemente essa dramática situação”, completou o candidato.
SÉRGIO CRUZ