Comandados pela Confederação de Trabalhadores da Educação da República Argentina, categoria foi às ruas contra a suspensão de programas educativos e ameaça de fechamento de refeitórios
A paralisação nacional de professores realizada esta segunda-feira (26) pela Confederação de Trabalhadores da Educação da República Argentina (Ctera) repudiou as medidas implementadas pelo governo de Javier Milei que ameaçam o ensino público.
A paralisação teve o apoio de 80% da categoria.
Em todas as 23 províncias (Estados) e na capital federal (Buenos Aires) ocorreram marchas e concentrações exigindo a abertura da negociação salarial, o pagamento do Fundo Nacional de Incentivo Docente (Fonid) e do Fundo de Compensação de Desigualdades Salariais, além da liberação dos recursos para os refeitórios escolares e para os programas educativos.
Com faixas e cartazes, o professorado também denunciou o arrocho – agravado nos dois últimos meses de Milei -, exigiu a valorização das aposentadorias e repudiou a perseguição política imposta pelo protocolo policialesco da ministra da Segurança, Patrícia Bullrich, que atenta contra o direito à manifestação.
“A situação nos bairros populares e em cada uma das nossas escolas é verdadeiramente terrível: o subsídio do refeitório não chega e nem mesmo para o copo de leite, da mesma forma não há dinheiro para comprar uniformes ou material escolar”, protestou a secretária geral do Ctera, Sonia Alesso.
A professora comparou a tragédia neoliberal do desgoverno atual com um dos momentos mais difíceis já vividos, o do “ajuste menemista [Carlos Menem]” de 1989 a 1999.
Líder da Confederação, maior organização sindical do setor e uma das maiores entidades da Argentina, Alesso assinalou que não pode haver um único professor ou estudante que seja discriminado em função de onde nasceu. “Lutamos por leis que garantam oportunidades dignas a todos de ensinar e aprender”, frisou.
Sonia Alesso recordou como durante o governo de Carlos Menem “os professores batalharam durante 1.003 dias na Tenda Branca, erguida em frente ao Congresso Nacional, para termos uma Lei de Financiamento Educativo”. Combatemos durante anos para garantir o Fundo de Compensação Salarial e por políticas educativas, com formação docente gratuita e sob responsabilidade do Estado nacional, acrescentou.
Pressionado, o governo convocou uma reunião com a entidade para esta terça-feira (27). Na quarta (28) a entidade realizará um encontro nacional de lideranças para avaliar a proposta apresentada e debater os desdobramentos.