IBGE divulgou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, que ficou em 2,9%. A taxa de investimento ficou em 16,5%
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou o resultado do PIB do ano passado como positivo, mas destacou que, para um maior crescimento da economia, são necessários mais investimentos. Na última sexta-feira (4), o IBGE divulgou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, que ficou em 2,9%.
O mesmo IBGE apontou que a taxa de investimento foi de 16,5%, abaixo do registrado em 2022 (17,8%). Essa foi a terceira queda seguida anual da taxa. O resultado dos investimentos no ano passado também foi o pior desde 2019, quando a taxa ficou em 15,5%.
Ao analisar o resultado do PIB, Fernando Haddad declarou aos jornalistas: “precisamos de investimento para fazer a economia rodar. Ano passado não foi investimento, foi produção agrícola, consumo das famílias, consumo do governo, exportações. Isso que puxou o PIB”.
Apesar de constatar que a insuficiência de investimentos segurou o crescimento, o ministro segue insistindo em zerar o déficit público este ano.
Esta “meta”, buscada pelo ministro, significa restringir os investimentos do governo e, sem investimentos públicos, dificilmente haverá investimentos privados no nível que o país precisa. A atual estagnação produtiva e a desindustrialização em vigor só serão vencidas com a elevação dos investimentos públicos que servirão de estímulo para o setor privado.
O patamar de investimento brasileiro está muito baixo, fruto da “ditadura” fiscal imposta ao Brasil pelo capital financeiro e a consequente elevação das taxas de juros, hoje, uma das mais altas do mundo. O novo “arcabouço”, criado por Haddad, acrescido da meta de déficit zero este ano e da obtenção de superávits primários nos próximos anos impedem os investimentos.
Restrição fiscal é sinônimo de cortes de gastos e de investimentos. O país inteiro e, particularmente, o setor produtivo, acaba sofrendo as consequências deste desatino e tendo sua economia estrangulada em benefício exclusivo da especulação financeira.
O nível dos investimentos do Brasil está muito aquém dos padrões da China (42,5%), Índia (31,7%), e Rússia (23,5%), mas também do Chile (23,3%), Peru (21%) e México (24%), segundo uma sondagem feita pelo economista da RB Investimentos Gustavo Cruz. Ele afirma que, de 2015 até 2023, a média brasileira ficou em 17%.
No ano passado, os investimentos em máquinas e equipamentos recuaram 9,4%, os da construção caíram 0,5% e os outros investimentos cresceram 5,8%, demonstrando uma desaceleração em relação a 2022 (+12,8%). Assim, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede esses investimentos dentro do PIB, fechou o ano de 2023, em queda de -3% frente ao ano anterior (+1,1%). Essa foi a pior queda anual da FBCF desde 2016 (-12,1%), um período marcado por recessão.
Do total dos investimentos analisados pelo indicador FBCF, os em construção corresponderam por 45%, máquinas e equipamentos 37,8% e outros investimentos, 16,8%.
Em 2023, ainda, o PIB da indústria de transformação encolheu -1,3% e o da construção recuou 0,5%, ambas em comparação com 2022.
Entre os anos de 2003 e 2013, a taxa de investimento no Brasil saiu do patamar de 16,6% para 20,9% em 2013, segundo o IBGE. Essa mudança de patamar dos investimentos no Brasil (que melhorou a vida de milhões de brasileiros à época) só foi possível pela intensificação dos investimentos públicos, que atraiu os investimentos privados.
Economistas afirmam que para o Brasil voltar a crescer de maneira sustentável, os investimentos têm que superar a barreira dos 20% do PIB. Já a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), estima que a taxa deve estar entre 24% e 25% do PIB para fazer deslanchar o avanço da indústria e melhorar a infraestrutura no país.