Milhares de manifestantes da “Marcha das Bandeiras” da Nicarágua, organizada pela Aliança Cívica pela Justiça e a Democracia, foram atacados a tiros na capital Manágua, no último domingo, por paramilitares pró-Ortega.
Segundo depoimentos, portando bandeiras vermelhas e pretas do partido governamental, tomado de assalto ao sandinismo que traíram, os mercenários – que dispunham de um fuzil – estavam em três carros quando, tentaram, sem sucesso, dispersar o protesto que inundou as ruas e deixou três feridos à bala. A população explodiu diante da covardia e a revolta se materializou no incêndio de uma patrulha policial que acobertava os criminosos.
Conforme levantamentos de entidades de direitos humanos e Organizações Não-Governamentais, desde que iniciaram os protestos contra o assalto à seguridade social, em 18 de abril, já morreram 450 pessoas e mais de 2.800 ficaram feridas.
Segundo denúncia das entidades, entre as violações documentadas, está o uso desproporcional da força pelos policiais, que se traduz em absurdas execuções extrajudiciais, desaparições forçadas, detenções arbitrárias e generalizadas, torturas e maus tratos. Familiares denunciam que jovens foram presos somente pelo fato de se solidarizarem contra a injustiça e que jornalistas e fotógrafos estão sendo impedidos de documentar o que está se passando, tendo inúmeros materiais profissionais confiscados, num claro atentado à liberdade de expressão.
Violeta Granera, dirigente da oposicionista Frente Ampla pela Democracia, declarou que uma das vítimas era manifestante, enquanto a outra lesionada não se sabe se integrava o protesto ou se apenas passava pelo local. O Canal 100% Notícias informou que um homem recebeu um impacto de bala no antebraço esquerdo, sendo socorrido por um veículo da televisora, que teve de levá-lo a um hospital privado.
Entoando “assassinos” e “não temos medo”, a multidão percorreu quilômetros em Manágua, fazendo tremular bem alto as bandeiras azul e branco, e exigindo justiça. Apesar da disposição de luta dos manifestantes, esclareceu o jornal La Prensa, o protesto convocado para o domingo em Somoto, capital da província de Madriz (zona norte), teve de ser suspenso devido às ameaças de paramilitares e governistas.