Apesar de ter a menor receita entre as seis maiores petroleiras, pagou o maior montante em dividendos. Além disso, realizou o menor investimento líquido, de apenas 51% em relação à média das demais, alerta Aepet
Em 2023, o pagamento de dividendos aos acionistas da Petrobrás, majoritariamente estrangeiros, seguiu extrapolado em léguas o que pagam outras grandes empresas petrolíferas no mundo.
A própria direção da estatal admite tal fato. “O retorno ao acionista da Petrobrás superou de longe o das empresas pares ao longo de 2023. O TSR – Total Shareholder Return, que considera o pagamento de dividendos e a variação das ADRs preferenciais na bolsa de Nova York, foi 112%, percentual bem superior ao de empresas de mesmo porte no setor, que atingiram no máximo o patamar dos 20%”, diz trecho da nota da Petrobrás, ao divulgar o resultado da empresa do ano passado.
Em 2023, a Petrobrás obteve um lucro líquido de 25,74 bilhões de dólares, sendo o segundo maior lucro entre as grandes empresas petrolíferas do mundo, segundo levantamento feito pelo presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Felipe Coutinho.
O engenheiro químico observou que “em 2023, a Petrobrás, apesar de ter a menor receita entre as seis empresas, pagou o maior montante em dividendos. Além disso, foi a petrolífera que realizou o menor investimento líquido, sendo de apenas 51% em relação à média das demais”.
Na avaliação do dirigente da Aepet, os investimentos pela Petrobrás seguiram baixos, enquanto os dividendos pagos continuaram “insustentavelmente altos”.
“Os lucros e dividendos distribuídos hoje são resultados dos investimentos realizados no passado. É evidente que elevar a distribuição dos dividendos, em detrimento dos investimentos, comprometerá o resultado futuro da empresa. Os números evidenciam que a distribuição de dividendos tem sido desproporcional aos investimentos. Os resultados históricos demonstram que não é possível sustentar tais políticas”, alertou Coutinho, em artigo.