Grupo espanhol aponta forte queda nas vendas e os juros elevados. Dívida é de R$ 1,1 bilhão
A Rede Dia, multinacional espanhola de supermercados, entrou com pedido de Recuperação Judicial (RJ) exclusivamente no Brasil nesta quinta-feira (21). A dívida total declarada é de R$ 1,1 bilhão, sendo R$ 268 milhões junto a bancos. O restante da dívida está concentrada junto aos fornecedores.
O pedido da RJ foi feito depois da rede anunciar na semana passada o fechamento de 343 lojas do total de 587 em todo o país, assim como fechar três dos seus centros de distribuição: em Belo Horizonte (MG), Americana (SP), Mauá (SP), mantendo apenas o de Osasco (SP). O Dia deverá passar então a operar apenas em São Paulo, região onde obtém lucratividade.
Dos 244 lojas que permanecerão aberta, 123 são franquias e 121 são unidades próprias da empresa.
O presidente da múlti no Brasil, Sébastien Durchon, em entrevista ao Valor, indicou a queda acentuada nas vendas somada a um cenário de pressão das taxas de juros como fatores que levaram a rede supermercadista a perder cerca de R$ 1 milhão de caixa diariamente. Essas razões embasaram a petição encaminhada à vara dos processos empresariais no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP).
O Dia, sigla para Distribuidora Internacional de Alimentos, emprega 5,5 mil funcionários. A empresa vai manter apenas 2 mil trabalhadores, segundo projeção, ao final da atual reestruturação. Outros dois mil colaboradores indiretos poderão ser mantidos. O Dia abriu suas portas no Brasil em 2001
O pedido de recuperação judicial do Dia vem na esteira do número recorde de 1.405 empresas com esses pedidos junto à Justiça em 2023.
“Em 2023, testemunhamos um surpreendente aumento no índice de recuperações judiciais no Brasil, ultrapassando o patamar de 1.400 pedidos, assim como os anos de 2017 (1.420) e 2018 (1.408)”, declarou o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, em reportagem da IstoÉ Dinheiro em fevereiro deste ano.
Entre as empresas, muito conhecidas e de grande porte, que buscaram a Justiça estão a 123 Milhas, M.Officer, Tok Stock, Starbucks, Subway, Cervejaria Petrópolis, Light no Rio de Janeiro, a centenária indústria de conservas Raiola, a operadora de telefonia OI e a Avibrás, principal indústria de defesa do país.
Nesse rol de empresas, muitos casos de reestruturações financeiras, como as Casas Bahia, Pão de Açúcar, Assaí, o Extra do grupo Cassino, Lojas Marisa, já de algum tempo.
Os pedidos de falências em 2023 somaram 983 ante 866 registrados em 2022, um aumento de 13,5%, segundo o Serasa.
Entre as empresas falidas estão as livrarias Saraiva e Cultura em São Paulo e a tradicional indústria de alimentos dos chocolates PAN.
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