Andrei Rodrigues, chefe da PF, informou que o crime “envolve milícias, disputa de territórios, regularização de loteamentos, que culminou nesse bárbaro assassinato”
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou neste domingo (24) que os trabalhos de investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Torres, serão encerrados “por ora” pela Polícia Federal. Ele falou após a operação da PF que prendeu os três mandantes do crime.
Foram presos: Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro; Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), deputado federal; Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio. Este último assumiu o cargo um dia antes do crime, indicado pelo então interventor na Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Braga Neto, que depois foi ministro de Bolsonaro e disputou eleição como vice na chapa derrotada à presidência.
“Temos bem claro os executores desse crime hediondo, de natureza claramente política”, disse o ministro, em coletiva. Segundo Lewandowski, a investigação, que se prolonga há 6 anos, chegou ao fim. “A polícia em suas investigações identificou os mandantes e demais envolvidos nesta questão, é claro que podem surgir novos elementos, mas neste momento os trabalhos foram dados como encerrados”, declarou o ministro.
Lewandowski elogiou o trabalho do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por homologar a colaboração premiada de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco. Também elogiou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, bem como a Polícia Federal. “Vitória do Estado brasileiro contra o crime organizado”, prosseguiu.
O ministro também disse que “o crime organizado não terá sucesso em nosso país”, e que o relatório da PF, com 400 páginas, está pronto. “No MJSP e na PF, acreditamos que há elementos suficientes nos autos para a oferta de uma denúncia”, afirmou, indicando que as motivações do crime envolveriam disputas sobre a regularização de terras.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, também falou aos repórteres e destacou que a corporação concluiu que os irmãos Brazão foram os mandantes do crime, mas não descartou que outras ações podem ser adotadas a partir das prisões. Andrei afirmou que a motivação para o crime não é única e envolve todo o contexto de atuação de milícias, disputa por territórios e regularização de loteamentos no Rio de Janeiro.
“O que há são várias ações que envolvem a vereadora Marielle Franco, envolve milícias, disputa de territórios, regularização de loteamentos e que naquele contexto onde havia um cenário que culminou nesse bárbaro assassinato que projetou toda a situação caótica no Rio de Janeiro“, afirmou o delegado.
O crime ocorreu em 14 de março de 2018 e desde 2019 os autores do crime, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, estão presos. A partir da colaboração de Queiroz, foram identificados os intermediadores do crime. A colaboração de Lessa, homologada pelo STF neste mês, foi decisiva para identificar os mandantes do crime.