Não gerava propina com a Odebrecht
Terão que responder por crime ao patrimônio do Brasil e da Humanidade
Não por acaso – mas porque sabe a culpa que tem no cartório – Fernando Henrique reapareceu para dizer, sobre o Museu Nacional, que “há quase 20 anos mandei duas vezes verba para concertar (sic) o telhado: chovia nas múmias. A primeira se perdeu. Descaso de todos e burocracia de sempre”.
O erro no verbo “consertar”, que Fernando Henrique escreveu como se algum concerto estivesse acontecendo no telhado do Museu Nacional, tem o significado de revelar que nem ele acha que fez alguma coisa pelo Museu.
Tanto assim que, segundo sua própria confissão, quando presidente, sua grande ação, em prol do mais importante museu do país, foi a de enviar dinheiro para tapar buracos de seu telhado porque “chovia nas múmias”.
É óbvio que o descaso não foi “de todos”. Nisso, Fernando Henrique não se diferencia dos trogloditas e rufiões do governo Temer, que querem jogar a culpa sobre os aposentados ou, talvez, sobre a mãe do Maxakalissauro – o dinossauro mineiro que foi destruído no incêndio.
Pois o descaso não foi “de todos” – para, entre outras coisas, cuidar do patrimônio científico e histórico do país, é que existem os governos.
O Museu Nacional, quanto a isso, é mais que um símbolo: é aquela parte da realidade que reproduz toda ela.
O que fizeram os governos Fernando Henrique, Lula, Dilma e Temer com o Museu Nacional?
A dificuldade de responder a essa pergunta é a própria tipificação do crime.
Podíamos dizer que esses governos abandonaram o Museu. Nenhum deles, em mais de 20 anos, instalou nem ao menos um sistema de prevenção de incêndios – algo absolutamente básico em qualquer museu. No máximo, taparam alguns buracos no telhado.
Podíamos dizer que eles, durante 23 anos, ignoraram sucessivos apelos, sucessivos alertas de que se estava à beira da catástrofe.
Mas nem se disséssemos que eles estrangularam a mais antiga instituição científica do país, ainda assim não conseguiríamos uma síntese adequada.
Resta, então, saber o que esses governos estavam fazendo.
Sucintamente, estavam roubando e entregando o país à sanha do rentismo, sobretudo estrangeiro.
Dissemos, na edição anterior, que o incêndio do Museu Nacional iluminava as consciências para o que é o “ajuste” neoliberal.
Por que sempre aparecem alguns elementos dizendo que estamos precisando de um “ajuste”? Por que o “ajuste” jamais acaba? Por que sempre é preciso, segundo eles, outro “ajuste”?
Porque essa é a forma de tirar dinheiro do povo e drená-lo para o rentistas, para os parasitas que se locupletam com juros.
No mundo ideal desses patifes, nenhum dinheiro sobraria para nada, todo ele seria para encher os cofres dos rentistas – bancos, fundos estrangeiros e alguns vadios que têm, exatamente, a profissão de jamais trabalhar.
Essa foi a essência da ganga neoliberal dos governos do PSDB, PT e PMDB.
Naturalmente, o neoliberalismo é o reino da propina. Daí, a podridão em que hoje se desfaz a oligarquia política, com partidos que se tornaram organizações criminosas, isto é, quadrilhas.
Os esquemas revelados pela Operação Lava Jato – o roubo desavergonhado, sem escrúpulos, contra a Petrobrás e os fundos de pensão das estatais – são um aspecto dessa estrebaria de Áugias.
Tiveram como antecessores as propinas das privatizações no governo Fernando Henrique. As mesmas que o PT, ao ganhar as eleições em 2002, apressou-se a garantir que não investigaria, votando uma lei, ainda antes da posse de Lula, para conceder “foro privilegiado” a ex-governantes.
Essa lei era completamente inconstitucional – até porque, ainda na década de 60, o grande ministro Vitor Nunes Leal, do Supremo Tribunal Federal (STF), estabelecera a doutrina: o foro privilegiado é prerrogativa da função e não da pessoa. Ninguém pode, depois de deixar a função, conservar o privilégio.
Por isso, a lei da impunidade, aprovada pelo PT e PSDB, foi derrubada pelo STF. Mas nem por isso o governo Lula ou o PT resolveram investigar as negociatas da privatização da Vale ou a das teles.
Quando aquilo que é nacional, aquilo que é do povo, aquilo que é estatal, é visto como um pretexto para enriquecer com sua entrega, tudo é apenas um motivo de propina.
Economistas que eram apenas professores em uma universidade particular, de repente, se tornaram banqueiros – e proliferaram os bancos de segundo andar. O episódio do Marka, do sr. Salvatore Cacciola, é pequeno, diante do escândalo geral, mas é revelador.
[A propósito, Cacciola, um produto da corrupção tucana, depois de várias passagens na cadeia, foi indultado por um decreto de Dilma Rousseff, em dezembro de 2011. Nesse tema, corrupção, o PT e o PSDB, há muito, são umbilicais.]
Depois disso veio a roubalheira petista – isto é, do PT, e, sob o seu guarda-chuva, também a do PMDB, PP e outras quadrilhas.
É tentador dizer que ninguém tinha tempo para cuidar do Museu Nacional, pois toda essa corja estava ocupada em roubar.
Mas não foi, evidentemente, uma questão de tempo.
Qual a importância do Museu Nacional para quem está vendendo a mãe, digo, a Nação?
Assim, diz Fernando Henrique, “o Museu Nacional pegou fogo. Parte da memória antropológica sumiu. Ruth tinha mais ligações com os professores de lá que eu”.
E isso é tudo o que ele tem a dizer.
Quanto a Lula e Dilma, estão calados – graças aos céus. Mas não estão calados à toa.
Temer… bem, esse diz que vai falar com alguns banqueiros, para resolver a situação. Provavelmente, vai mandar o Padilha fabricar umas múmias, novinhas em folha, para substituir as antigas.
O Museu Nacional tinha uma biblioteca de 537 mil volumes – do ano de 1481 até hoje.
Tinha 550 mil amostras de plantas, 26.160 fósseis, 130 mil itens antropológicos, 15.672 itens geológicos e 6 milhões e 500 mil itens zoológicos.
Reunia 200 anos de pesquisas.
Mas isso nada significa para quem acha que a vida deve ser um topa tudo por dinheiro, que não se detém, nem ao menos, diante do crime contra o país e seu povo.
Esses são os incendiários do Museu Nacional.
A eles, o julgamento do povo.
CARLOS LOPES
Está muito claro: o aparelhamento “”pulhítico”” e ideológico da Universidade Federal do RJ, ficou sobejamente demonstrado logo na posse do reitor__ roberto leher.
Durante a cerimônia de posse, como sinal de “conquista”, vitória e poder, ele ergueu o boné do __mst__ (ele tem filiação “pulhítica”), o auditório estava cheio de militontos…
O Museu Nacional sofreu as consequências do aparelhamento ideológico da instituição.
Antes do incêndio, devido o telhado em más condições, durante chuvas e temporais, as goteiras sobre as peças, foram destruindo o acervo…
Negligência e má fé.
À PRISÃO!
É verdade, leitora, ideologia é fogo! Por isso que o museu incendiou.