Em fevereiro, para pessoas físicas, a taxa média de juros ficou em 52,5% a.a. Já para as empresas, alcançou 21,4% a.a.
Em fevereiro de 2024, os juros cobrados pelas instituições financeiras seguiram em níveis proibitivos no Brasil. No mês, a taxa média de juros cobrada com recursos livres – empréstimos livremente negociadas entre bancos e tomadores -, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, alcançou 40,2% ao ano, segundo dados de “Estatísticas monetárias e de crédito” do Banco Central (BC), divulgados na terça-feira (2).
Para pessoas físicas, a taxa média de juros ficou em 52,5% ao ano. Já para as empresas, alcançou 21,4% ao ano.
O arrocho monetário imposto ao setor produtivo e aos consumidores brasileiros, através das elevadas taxas de juros, travam os investimentos, o consumo e a geração de empregos no país, afetando, particularmente, as atividades industriais. Nos dois primeiros meses deste ano, a produção industrial brasileira ficou no vermelho (-1,5% em jan/24 e -0,3% em fev/24).
“O crédito, quando ofertado em condições adequadas e utilizado com responsabilidade, é uma poderosa alavanca do crescimento econômico, pois permite aos agentes econômicos a realização no presente de seus projetos, seja de investimento, seja de consumo, gerando demanda às atividades produtivas”, avaliou o Iedi, sobre o crédito às empresas e às famílias no ano 2023, em texto publicado no site (Alavanca creditícia: sem potência em 2023-28/03/2024).
“De acordo com os dados coletados pelo BCB, as condições creditícias do Brasil permaneceram pouco favoráveis a esta dinamização da atividade econômica ao longo da maior parte de 2023. Muito disso devido à diretriz de política monetária, que para combater a inflação, aumentou juros, buscando estreitar o crédito e, consequentemente, a demanda da economia”, diz o Iedi.
A redução a conta-gotas na taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central, hoje em 10,75%, tem efeito quase zero na queda das taxas cobradas pelas instituições financeiras.
A redução da inflação mais acelerada do que a queda na Selic mantém o Brasil no patamar entre os países com as maiores taxas de juros reais do planeta, estando atualmente em segundo lugar, atrás apenas do México, inibindo o crédito e elevando o nível de endividamento das empresas e das famílias.
Em janeiro, a taxa média de juros das novas contratações atingiu 27,8% ao ano.
Segundo o Banco Central, as concessões de empréstimos com recursos livres recuaram 6,2% em fevereiro em relação ao mês anterior, com queda registradas tanto para as famílias (2,2%) quanto para as empresas (9,2%), na série sem ajuste sazonal.
Apesar de pequeno recuo, segundo o BC, o ‘spread’ bancário segue em grau de barbárie no Brasil, ao atingir 29,2 pontos percentuais (p.p) em fevereiro, sendo 41,9 p.p. para a famílias e 11,2 p.p. as empresas. O ‘spread’ consiste na diferença entre o custo dos bancos para captar dinheiro e aquele que impõem aos seus clientes, para emprestá-lo. Ou seja, o mecanismo é a forma que os banqueiros buscam obter ganhos com as operações de crédito.
Com 72 milhões de brasileiros enrolados em dívidas, inadimplentes, segundo a Serasa, a maior parte das dívidas com os bancos, o comprometimento da renda das famílias com o sistema financeiro atingiu 25,8% em janeiro.
O cartão de crédito, apontado nas pesquisas da Confederação Nacional do Comércio, como a principal dívida pelas famílias, continua com seus juros extorsivos em mais de 400% ao ano. Os juros cobrados pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo atingiram, em média, 412,5% a.a. em fevereiro.