O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, informou que os dois detentos que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) no último dia 14 de fevereiro, presos na tarde desta quinta-feira, em Marabá (PA), retornarão ao presídio de segurança máxima no Rio Grande do Norte.
“Os dois fugitivos voltarão para o local de onde saíram, para a Penitenciária de Mossoró, totalmente reformulada no que diz respeito aos equipamentos de segurança”, declarou Lewandowski, lembrando que a direção do presídio de segurança máxima foi trocada e os protocolos foram aperfeiçoados.
Rogério Mendonça e Deibson Nascimento foram detidos em ação conjunta da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, 50 dias após a fuga. Primeiramente, os dois foram levados à sede da PF no Pará, que fica a cerca de 1.600 quilômetros de Mossoró.
Em coletiva nesta quinta-feira, Lewandowsk ainda afirmou que “a mudança de estratégia consistiu em sair da busca física, e trabalhar a partir da inteligência”, disse. Segundo ele, a decisão foi “bem-sucedida”.
Lewandowski relatou que os fugitivos – ligados a facção criminosa Comando Vermelho -, foram detidos em uma ponte, no que chamou de “um verdadeiro comboio do crime”. Junto com Rogério e Deibson, mais quatro pessoas foram presas. Os agentes também acharam três carros, celulares e um fuzil.
“14 pessoas foram presas desde o inicio por envolvimento na fuga. Foi extremamente bem-sucedida, pois não foi disparado um tiro, não houve feridos nem mortos. foi um trabalho puramente de inteligência”, celebrou o ministro.
Durante o período em que estiveram foragidos, Deibson e Rogério teriam sido auxiliados por uma rede de apoio externa ao presídio. Pelo menos oito pessoas foram detidas. O último a ser capturado foi o mecânico Ronaildo Fernandes, que teria recebido R$ 5 mil em sua conta para repassar aos fugitivos.
Fernandes é o proprietário da terra em Baraúna, na divisa entre Rio Grande do Norte e Ceará, onde a dupla permaneceu escondida por oito dias. No local, Nascimento e Mendonça se abrigaram em uma cabana improvisada no meio da plantação e escavaram buracos para evitar a detecção por drones e helicópteros que patrulhavam a região, situada a cerca de 30 quilômetros do presídio.
O mecânico foi preso preventivamente nesta segunda-feira, por suspeita de colaborar com os fugitivos. Ele alega inocência, afirmando que foi coagido a prestar ajuda.
A Polícia Federal já havia detido outros cinco suspeitos de auxiliar os dois fugitivos da penitenciária federal de Mossoró. Um deles é o irmão de Deibson Nascimento. Johnney Weyd Nascimento foi preso na última sexta-feira, no Acre. Ele foi condenado por roubo e participação em organização criminosa, e tinha um mandado de prisão em aberto.
Os agentes também cumpriram nove mandados de busca e apreensão em Mossoró (RN), Quixeré (CE) e Aquiraz (CE). Os investigadores suspeitam que os fugitivos tenham recebido auxílio de membros do Comando Vermelho, que têm presença na região. Um veículo e armas foram apreendidos na casa de um dos alvos.
Segundo o ministro, Rogério e Deibson ficarão separados dentro da unidade e haverá vistorias diárias. “E de lá certamente não se evadirão”, comentou.
Lewandowski afirmou que que a modernização do presídio federal de Mossoró “está sendo aperfeiçoada” e chamou o secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, para dar mais detalhes.
“O que eu posso afirmar é que o Sistema Penitenciário Federal não é mais o mesmo desde a data do evento que ocorreu lá em Mossoró. Nós tivemos uma série de providências e revistas, vistorias que foram feitas em todas as cinco unidades que compõem o sistema. De lá para cá, trocamos a iluminação, os problemas de iluminação, as câmeras foram adquiridas, estão sendo instaladas à medida que chegam dos fornecedores”, relatou Garcia.
O secretário informou que 10 mil câmeras foram compradas e que parte dos equipamentos vai reforçar todo a parte de monitoramento das unidades do sistema penitenciário federal.
“Procedimentos foram reforçados, as revistas são diárias em todas as unidades. Os problemas estruturais que foram apontados foram corrigidos, e estamos determinados, como disse desde o dia do evento, que esse fato seja um fato irrepetível, que não vai acontecer mais no Sistema Penitenciário Federal”, concluiu.
DIRETOR DE MOSSORÓ DEMITIDO
Lewandowski decidiu pela demissão do diretor da Penitenciária Federal de Mossoró. A decisão deve ser publicada no Diário Oficial nesta sexta-feira, 5.
O então diretor Humberto Gleydson Fontinele era o responsável pela penitenciária na ocasião da fuga, a primeira da história do sistema penitenciário federal. Gleydson Fontenele foi afastado do cargo no mesmo dia e o policial penal Carlos Luis Vieira Pires foi nomeado interventor.