Os docentes de pelo menos 19 universidades federais, institutos federais e cefets já decidiram parar as atividades a partir da próxima segunda-feira (15), após o governo manter a proposta de reajuste zero para os servidores em 2024, com aumento apenas nos benefícios, conforme apresentado na última reunião da Mesa Nacional de Negociação Permanente.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), além das paralisações, as entidades aprovaram um calendário de atividades locais nas instituições entre 22 e 26 de abril. O Setor das Ifes também aprovou a participação na Jornada de Luta “0% de reajuste não dá!”, convocada pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), nos dias 16, 17 e 18 de abril.
No dia 17, os docentes se unem aos servidores públicos federais das demais categorias em uma grande marcha em Brasília, com concentração às 9h em frente à Catedral, que seguirá até o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
“A greve nas federais está deflagrada a partir do dia 15 de abril como encaminhamento de uma escuta qualificada da base reunida no Setor das Federais, que manifestou seu entendimento de que o fortalecimento da luta através da greve é um instrumento legítimo em defesa da classe trabalhadora”, disse Letícia Nascimento, 2ª vice-presidenta da Regional Nordeste I e também da coordenação do Setor das Ifes do Andes-SN.
De acordo com a professora Maria Rosaria Barbato, presidenta do Apubh (Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco), “a proposta de reajuste zero sob a justificativa de falta de recurso é inaceitável e nos indigna, considerando os recentes acordos de reajuste e reestruturação de carreiras firmados com outras categorias do serviço público federal e o superávit orçamentário do Estado. Bem como é inaceitável o desrespeito e a falta de consideração com a nossa categoria que, não obstante, contribuir fortemente para o desenvolvimento da ciência em nosso País, continua sendo desvalorizada”.
“Deflagraremos no dia 15 de abril uma forte greve, seguindo ao movimento já iniciado por duas seções sindicais e nos somando aos movimentos do Sinasefe e da Fasubra. Esta decisão ocorre no mesmo dia em que o governo torna evidente o seu desrespeito aos trabalhadores e às nossas organizações com ameaças explícitas sobre romper as negociações quando exercemos nosso legítimo uso dos instrumentos de paralisações e greves. Em resposta, decidimos deflagrar a greve em 15 de abril”, avaliou Maria Ceci Misoczky, 2ª vice-presidenta da Regional Rio Grande do Sul do Andes-SN e da coordenação do Setor das Ifes, referindo-se a um dos pontos do Termo de Compromisso de Campanha Salarial 2024 apresentado pelo Ministério da Gestão e Inovação na reunião de quarta-feira, condicionando a continuidade das negociações ao direito de greve dos servidores. A cláusula indignou os representantes sindicais e foi tão criticada, que ainda no início da noite após o encontro, foi retirada do Termo de Compromisso.
Além dos docentes, os servidores técnicos administrativos das universidades federais já estão parados desde o dia 11 de março. Na educação básica, a greve chega ao décimo dia nesta sexta-feira (12).