Manifestações pedindo um cessar-fogo e o fim da colaboração com o genocídio cometido por Israel têm tomado conta das universidades dos Estados Unidos, apesar da brutal repressão. O estudante Naim Moussa concedeu entrevista à Hora do Povo relatando o protesto e a ação policial
Na segunda-feira (22), cerca de 150 estudantes foram presos e agredidos pela Polícia por conta de um acampamento montado em frente à Universidade de Nova Iorque (NYU).
O estudante de Ciências da Computação e Relações Internacionais na Universidade de Nova Iorque, Naim Mousa, de 23 anos, contou à Hora do Povo que o movimento contra o genocídio está crescendo porque fica “cada vez mais difícil justificar o que Israel está fazendo”.
O estudante nos enviou vídeos sobre os acontecimentos da NYU:
Para Naim, “a coisa incrível dessa manifestação” realizada na segunda-feira “é que você podia ver todo mundo nela. Árabes, muçulmanos, brancos, chineses, coreanos, japoneses, indianos, franceses… Realmente, as pessoas que foram e apoiaram o protesto representavam a universidade inteira”.
O estudante acrescentou que também havia “muitos estudantes judeus no ato” contra o genocídio. Parte dos professores cancelaram as aulas em apoio à passeata.
Somente em Nova Iorque, os estudantes de quatro universidades fizeram manifestações pelo cessar-fogo.
Na NYU, o acampamento foi montado na manhã de segunda-feira. Algumas horas depois, os seguranças da universidade bloquearam o local, impedindo que qualquer um deixasse ou entrasse no local.
Foi então que os manifestantes convocaram os demais estudantes para que se reunissem junto ao ponto de concentração em seu apoio. Em algumas horas, a manifestação já contava com centenas de pessoas, contou Naim, que participou do protesto.
A administração da Universidade de Nova Iorque considerou o protesto ilegal e convocou a Polícia de Nova Iorque para forçar a saída dos universitários.
“Quando as pessoas souberam disso, mais centenas se mobilizaram e vieram para a manifestação, não somente para mostrar solidariedade, mas para ajudar a prevenir que os acampados fossem presos”, explicou o estudante da NYU.
Por volta das 20h, exatamente quando os estudantes muçulmanos estavam fazendo sua oração, a Polícia começou a se movimentar para destruir o acampamento.
A Polícia de Nova Iorque foi “muito brutal e empurrou todo mundo do local. Eles destruíram o acampamento e prenderam cerca de 150 pessoas, levando-as em três ou quatro ônibus”, explicou Naim.
“O acampamento se transformou em uma marcha e as pessoas começaram a caminhar pelas ruas. Nós fomos até o quartel de comando da Polícia, que fica a alguns quarteirões da Universidade”, onde o ato continuou pedindo o fim do genocídio e da perseguição contra os que apoiam a causa palestina.
Durante toda a noite, “centenas de pessoas ficaram em frente ao quartel se manifestando e prestando apoio aos que foram presos”.
Enquanto isso, a administração da Universidade de Nova Iorque bloqueou o acesso aos prédios do campus de Manhattan e dos dormitórios, onde diversos estudantes moram.
Naim Mousa disse que, para além do cessar-fogo, os manifestantes também pediam o fim da colaboração acadêmica da Universidade de Nova Iorque com Israel e a retirada de empresas que apoiam o genocídio de dentro da instituição.
“A Universidade tem um campus em Tel’Aviv e os estudantes esperam que ele seja fechado”, explicou.
PEDRO BIANCO