Empresários destacam as altas taxas de juros e a dificuldade para acessar crédito, segundo sondagem da entidade
Empresários da indústria da construção manifestaram em pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com 23 Federações de Indústria e com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que as altas taxas de juros e a dificuldade de acesso ao crédito pioraram as condições financeiras das empresas no primeiro trimestre deste ano.
Com a inflação em queda, a política monetária de redução da taxa básica de juros a conta-gotas mantém os juros reais (descontada a inflação) no Brasil entre os mais altos do mundo, inibindo os investimentos e o acesso ao crédito. De acordo com a CNI, os juros reais estão em torno de 7% e o BC precisa acelerar a queda nos juros, no mínimo em 0,75 ponto percentual.
“Mesmo com as seis quedas sucessivas na Selic, o empresário da construção ainda considera as taxas de juros altas, apontando esse problema dentre os três principais. Isso, provavelmente, está afetando as condições financeiras, que pioraram no trimestre”, declarou a economista Paula Verlangeiro, da CNI.
De acordo com a Sondagem Industrial da Construção, divulgada nesta terça-feira (23), na passagem do último trimestre de 2023 para o primeiro deste ano, o índice de satisfação – situação financeira – recuou de 50,3 para 47,3 pontos (-3,0 pontos). Valores acima de 50 pontos mostram satisfação e valores abaixo dos 50 pontos apontam insatisfação.
Da mesma forma, o índice de satisfação com a margem de lucro operacional caiu de 45,6 pontos para 43,6 pontos (-2,0 pontos) de um trimestre para o outro e também segue abaixo da linha divisória de 50 pontos. O índice de facilidade de acesso ao crédito também caiu 0,6 pontos e indica que os empresários continuam com dificuldade para acessar crédito.
O único indicador de condições financeiras que apresentou desempenho positivo foi o índice de evolução de preço médio dos insumos, de 61,8 pontos para 58,6 pontos (-3,2 pontos) na transição dos trimestres, e “mostra que o aumento dos preços dos insumos foi menos intenso e mais restrito entre os respondentes”, segundo a pesquisa.
O índice de evolução do nível de atividade e o índice de evolução do número de empregados também ficaram abaixo da linha divisória dos 50 pontos no mês de março, indicando queda nos dois índices.