A TV Gazeta realizou mais um debate entre os candidatos à Presidência da República. O evento aconteceu no domingo (9), o terceiro a reunir os presidenciáveis na televisão e primeiro após a facada no candidato do PSL, Jair Bolsonaro, teve as presenças de Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede).
O Cabo Daciolo (Patriota) não compareceu. Ele, que é evangélico, anunciou que realizaria jejum por 21 dias, e, em função disso, suspenderia os atos de campanha. Além dele e Bolsonaro, a outra ausência foi do candidato do PT, que ainda não anunciou a substituição de Lula, que foi barrado pela Justiça Eleitoral por ter sido condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro.
A falta de empolgação entre os presentes marcou o debate e mesmo aliados políticos dos candidatos não prestigiaram o evento – nenhum dos candidatos a vice compareceu. A audiência do debate na televisão também foi inexpressiva.
Ciro teve quase metade (45%) das menções ao debate no Twitter, mas talvez não tenha muito a celebrar. A hashtag sequer estaria entre os assuntos mais comentados se não estivesse sendo patrocinada. O pedetista chegou a arrancar risadas da plateia ao ensaiar passos de dança, em dois intervalos, enquanto ouvia a informação de que liderava as menções – ainda que pudessem ser negativas, positivas ou neutras como enfatizava a emissora.
Sobre a ausência de Bolsonaro em embates diretos, como os debates, ele comentou: “Ainda que eu não concorde com nada do que ele fala, que ele diz, que ele representa, para mim foi chocante”. “Essa radicalização ia descambar para a violência, infelizmente aconteceu”, disse.
O pedetista deu uma escorregada, quando saiu em defesa de Henrique Meirelles. O candidato do MDB foi interpelado por um jornalista sobre se acha moralmente correto manter dinheiro em paraísos fiscais. O emedebista se enrolou na resposta e Ciro o socorreu, afirmando que Meirelles “não é desonesto”, mas que “o Brasil permite de uma forma imoral que ele, que comandou a autoridade monetária”, mantenha dinheiro no exterior.
Sobre seu dinheiro no exterior, Meirelles disse que é um fundo para investir na educação no Brasil quando morrer.
A bem da verdade, Meirelles não tem nada de honesto e só não foi parar na cadeia porque Lula, por meio de Medida Provisória no primeiro mandato, elevou a presidência do Banco Central – até então uma repartição da Fazenda – a ministério. Assim, Meirelles conseguiu “foro privilegiado” para escapar de uma investigação sobre o escândalo do Banestado.
No caso que estava sob a responsabilidade do juiz Sérgio Moro, o candidato do MDB respondia por evasão de divisas no valor total de R$ 1.400.000.000,00 (um bilhão e quatrocentos milhões de reais), através da empresa Boston Comercial e Participações Ltda, pertencente ao BankBoston, do qual era presidente, e a entrada ilícita no Brasil de US$ 2.800.000,00 (dois milhões e oitocentos mil dólares), pela empresa Silvania Empreendimentos e Participações Ltda, uma das empresas de fachada de Meirelles.
Nos blocos com a troca de perguntas entre os candidatos, repetiu-se a tática de jogar uma pergunta sobre algum assunto, para que na réplica pudesse promover suas próprias ideias. Foi assim com Marina Silva quando perguntou a Guilherme Boulos (PSOL) sobre a questão indígena e, na sequência, falou sobre os projetos da Rede para o assunto.
Em outra oportunidade, a candidata da Rede fustigou Geraldo Alckmin. Perguntado por jornalista sobre prisões de petistas e tucanos por corrupção, ele disse que Lula foi condenado em duas instâncias e o senador Aécio Neves (PSDB/MG), não. Quanto à ação de improbidade movida contra ele, alegou que é “estranho” que tenha sido proposta a um mês das eleições.
No comentário, Marina ressaltou que PT e PSDB são “faces da mesma moeda” e “estão envolvidos em graves esquemas de corrupção”. A única diferença de Aécio em relação a petistas, apontou, é o foro privilegiado.
WALTER FELIX