A estatal é de longe a petroleira que mais distribuiu dividendos em todo o mundo nos últimos anos. Foram R$ 446,4 bilhões entregues aos acionistas entre 2018 e 2023
Recentemente, os financistas que especulam com ações da Petrobrás nas bolsas do Brasil e de Nova Iorque fizeram um verdadeiro escândalo pelo fato do governo – acionista majoritário da empresa, em nome do povo brasileiro – ter anunciado que iria reter parte do lucro obtido pela empresa em 2023 para alocar os recursos em um fundo para futuros investimentos e outras despesas.
A Petrobrás é de longe a petroleira que mais distribuiu dividendos em todo o mundo nos últimos anos. Foram R$ 446,4 bilhões entregues aos acionistas entre 2018 e 2023.
O engenheiro Fernando Siqueira, diretor da Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobrás), denunciou que nos dividendos pagos, por exemplo, em 2022, foram incluídos os recursos obtidos com a venda de ativos subfaturados como se fosse lucro. O especialista denunciou, também, que, deste valor total pago em dividendos aos acionistas, “R$ 95 bilhões foram para o George Soros e fundos abutres”.
A gritaria do “mercado” – leia-se monopólios financeiros – para receber mais dividendos não tinha a menor justificativa, tendo em vista que a Petrobrás já havia distribuído R$ 58,2 bilhões referentes a 2023 e iria distribuir mais R$ 14,2 bilhões, referentes aos dividendos ordinários do quarto trimestre do ano passado.
Isso daria um total de R$ 72,4 bilhões em dividendos entregues. Mas, os acionistas pressionaram para receber a totalidade dos dividendos extras, ou seja, mais R$ 42,6 bilhões.
O governo – com maioria no conselho da estatal – decidiu distribuir apenas os R$ 14,2 bilhões de dividendos ordinários, retendo os R$ 42,6 bilhões de dividendos extras.
Entretanto, por pressão de sua área econômica, ávida para fazer caixa e zerar o déficit público, o Planalto acabou cedendo e decidiu pagar mais a metade dos dividendos extraordinários aos acionistas. Esses recursos deixam de ser alocados para investimentos em refino, por exemplo, para minimizar a dependência de derivados, e vão engordar os financistas.
Os acionistas beneficiados são em sua maioria estrangeiros. O fato ocorre porque o governo detém 51% das ações ordinárias, com direito a voto, mas é proprietário de apenas 36% das ações preferenciais, que pagam dividendos.
Leia mais