
No sábado dia 8, aviões americanos lançaram bombas incendiárias – armas químicas banidas – na cidade de Hadjin na província de Deir Ezzor. Continuam averiguações sobre vítimas e feridos
Dois aviões norte-americanos F-15 atacaram com bombas incendiárias de fósforo – arma química proibida pelos protocolos de guerra de Genebra – a cidade de Hadjin, na província de Deir Ezzor, a 110 km a leste da capital local, afirmou o chefe do Centro Russo para a Reconciliação na Síria, general Vladimir Savchenko. “Os ataques provocaram grandes incêndios na região”, denunciou Savchenko, acrescentando que as informações sobre vítimas e feridos estão “sendo averiguadas”.
O ataque ocorreu em meio ao frenesi em Washington, contra a iminente libertação da província de Idlib, das garras dos terroristas da Al Qaeda, que ali operam sob o nome de fantasia de Hayat Tahrir Al-Sham, depois que a Frente Al Nusra ficou demasiado tostada pelos crimes cometidos, e sob denúncias da Rússia, apresentadas ao Conselho de Segurança da ONU e à Organização de Proibição das Armas Químicas, de que terroristas estão prestes a encenar um atentado com arma química, para dar pretexto a que os maníacos de guerra em Washington bombardeiem a Síria e adiem o fim da guerra e dos terroristas e mercenários.
Anteriormente, o uso de bombas de fósforo pela aviação ianque já fora flagrado nos ataques a Raqqa – inclusive contra o principal hospital, conforme o Crescente Vermelho sírio – e, no vizinho Iraque, contra Mossul. O Pentágono, como de costume, negou, ou diz que usou para “ofuscação e iluminação” do local, uso que não é proibido. Se alguém tiver alguma dúvida sobre como se usa, é só perguntar ao chefe do Pentágono, ‘Cachorro Doido’, que ganhou seu apelido em Faluja por esse e outros crimes.
Conforme o porta-voz do Ministério da Defesa russo, general Igor Konashenkov, a operação de bandeira trocada será executada pelos terroristas da Al Qaeda, junto com os “Capacetes Brancos” – aquela equipe de ‘resgate’ fundada pela inteligência britânica e paga por Washington e Riad – e já receberam barris de cloro para desencadear a coisa. Aliás, toda a vez que a Síria avança para a vitória, aparece um “ataque químico”, para servir aos amos externos, que previamente traçaram suas “linhas vermelhas”. Só não funcionou na última vez em Duma, porque os sírios avançaram muito rápido, a Rússia trouxe jornalistas, colocou tudo a público e desmascarou a operação.
“O sinal para o início da fase prática de provocação por terroristas na província de Idlib será [a chegada de] uma equipe especial de alguns ‘amigos estrangeiros da revolução síria’, – ironizou Konashenkov, sobre a participação direta de tropas especiais inglesas no crime. A entrega dos barris com cloro foi feita na aldeia de Halouz, segundo o vice-chanceler russo Oleg Syromolotov. O próprio enviado de Trump, Brett McGurk, confessou faz tempo que Idlib é o maior ajuntamento de terroristas da Al Qaeda “desde o 11 de Setembro”, e “ligado diretamente a Ayman al Zawahiri”.
A Rússia tem feito tudo o que é possível para desescalar o conflito, isolar os terroristas e garantir a sobrevivência dos civis, como demonstrado na batalha por Aleppo, e conseguiu atrair a Turquia para a busca de uma solução política para a Síria, mas não há como adiar a libertação de Idlib. Nem o próximo passo – a retirada das tropas ilegais ianques.
O ataque ianque com bombas de fósforo se segue a relatório do Washington Post que assevera que Trump fará uma meia volta na sua política na Síria, para um “esforço militar e diplomático indefinido”, que foi corroborado no domingo pelo Wall Street Journal, que asseverou, citando “autoridades anônimas”, que os EUA detêm “novas informações de inteligência“ de que o próprio presidente Assad “aprovou o uso de gás de cloro em uma ofensiva contra a última grande fortaleza rebelde do país”. (E depois são os blogs que fazem fake news…)
Na semana passada, não faltara sequer Trump para avisar “contra ataques imprudentes” a Idlib, traduza-se, “não toquem nos nossos terroristas” e até Mad Dog advertindo contra a “catástrofe humanitária”. Observa o zerohedge que o mais alarmante do relatório é que detalha que Trump “estaria indeciso sobre se novos ataques retaliatórios poderiam implicar a expansão do ataque aos aliados de Assad”.
Esses “relatórios” ainda tem em comum que as “autoridades anônimas” identificaram o tipo de arma química supostamente ordenado por Assad exatamente o gás cloro, que já faz um mês que a Rússia está denunciando que será a substância usada na provocação. O notório John Bolton, secretário de Segurança Nacional de Trump, voltou à carga, ameaçando a Síria com “uma resposta mais forte” no caso de “terceiro uso de arma química”, mesma cantilena do lulu Macron, de Theresa May, e até com Merkel ensaiando subir a bordo.
VETERANOS
Em carta a Trump, os “Veteranos da Inteligência pela Sanidade”, que inclui ex-diretores da NSA e ex-analistas da CIA e do Pentágono, advertiram Trump de “que os israelenses, os sauditas e outros que querem que a inquietação persista estão incitando os insurgentes, assegurando-lhes que você, senhor presidente, usará as forças dos EUA para proteger os insurgentes em Idlib, e talvez também faça cair o inferno em Damasco”, e sobre que “situação é ainda mais volátil porque os líderes do Kremlin não sabem ao certo quem está mandando em Washington”. No litoral sírio, está posicionada uma esquadra de 26 navios russos. Eles pediram que Trump deixe claro à Russia um “cessar-fogo preventivo” – um compromisso para fortalecer os procedimentos para impedir um confronto aberto – e explique em público suas intenções. “Acreditamos que, nas circunstâncias atuais, esse tipo de passo extraordinário agora é necessário”. Sábio conselho, considerando costumes da Ala Oeste, e Trump encurralado pela mídia e pelo Estado Profundo.
ANTONIO PIMENTA