A Condor, líder mundial na fabricação de produtos de defesa, recebeu o certificado de “Empresa Estratégica” em 2012, pelo Ministério da Defesa
O Grupo Edge, estatal do setor de defesa dos Emirados Árabes, formalizou na terça-feira (30) a compra de 51% da Condor Tecnologias Não Letais, empresa 100% brasileira, sediada no Rio de Janeiro. Fundada em 31 de dezembro de 1985, a Condor é líder mundial na fabricação de produtos de defesa, como equipamentos, munições e pirotécnicos de alta tecnologia, para emprego em sinalização, salvamento e resgate.
São mais de 120 produtos no portfólio, todos homologados pelo Exército Brasileiro, Marinha e Aeronáutica, como munições de borracha, granadas de fumaça, sprays e câmeras corporais com reconhecimento facial. É a principal produtora mundial de gás lacrimogêneo e produtos relacionados para cenários militares, de defesa civil, militares e de segurança pública,
A Condor recebeu o certificado de “Empresa Estratégica de Defesa” em 2012, pelo Ministério da Defesa.
Foi a segunda empresa no setor de defesa adquirida pela estatal dos Emirados Árabes. No ano passado a Edge comprou metade da SIATT (Sistemas Integrados de Alto Teor Tecnológico), empresa nacional fabricante de mísseis. Após a compra, imediatamente foi incorporado ao seu portfólio o MANSUP, míssil naval de 5ª geração, desenvolvido com recursos públicos brasileiros e tecnologia 100% nacional.
O grupo Edge abriu o primeiro escritório para América Latina, em Brasília, no ano passado, chefiado por Marcos Degaut, que foi secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa do governo Bolsonaro. Em maio de 2022, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, participou de uma reunião com representantes do grupo Edge em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.
Carlos Erane de Aguiar, fundador e presidente da Condor e presidente do Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa, declarou que a parceria com o grupo Edge vai impulsionar o mercado de armas não letais, estimado em US$ 6 bilhões em 2023. As empresas esperam expandir a participação em novos mercados “estrategicamente importantes, como os Estados Unidos”.
Atualmente, o Brasil investe cerca de 1,2% do seu PIB em defesa. O número é considerado baixo por especialistas da área. Há um entendimento predominante, quando se fala da Indústria de Defesa, que nessa área não há transferência de tecnologia, especialmente aquela de ponta.
Com a iminente compra da Avibras por capitais australianos, da SIATT, pelo mesmo grupo Edge, que compra agora a Condor, ao que parece, nossas autoridades de Brasília estão relativizando esse aprendizado.