O ex-ministro Antonio Palocci afirmou, em depoimento ao Ministério Público no âmbito da Operação Greenfield, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cuidou, em alguns casos diretamente, de pedidos de propinas. Ex-ministro da Fazenda no governo Lula e da Casa Civil na gestão de Dilma Rousseff, ele foi ouvido em 26 de junho por investigadores da operação que apura irregularidades em fundos de pensão. Só agora seu depoimento se tornou público.
Palocci contou que, mesmo antes de ser eleito para o mais alto posto da República, Lula interferia nos fundos.
“Antes de ele ser candidato a presidente naquela campanha gloriosa de 2002 e quando pela primeira vez o PT elege um representante na Previ, portanto o PT não era governo, quem procura o presidente para procurar [sic] uma interferência nesse fundo é Emilio Odebrecht, em nome da Braskem, que tinha sociedade com os fundos e estaria tendo por parte desse representante do PT muitas dificuldades. Ele nos pede para interferir nisso. Foi o evento mais antigo de atuação [de Lula] que eu conheça”, afirmou.
Segundo matéria no Jornal Nacional, o ex-ministro relatou que a descoberta do pré-sal causou um clima de “delírio político” no governo e que Lula disse “explicitamente” desejar que o esquema das sondas “pagasse a candidatura de Dilma” em 2010.
A referência é ao FIP Sondas, criado com aportes dos fundos de pensão e alguns bancos, comandado pela empresa Sete Brasil – arapuca de “investimentos” estruturada em 2010 para intermediar a contratação de navios-sonda pela Petrobrás.
De acordo com Palocci, a reunião que tratou do assunto ocorreu à noite na biblioteca do Palácio do Planalto, entre o fim de 2009 e o começo de 2010. “Foi uma reunião curta e que os demais presentes ficaram perplexos com a conduta do presidente Lula; que disse explicitamente que queria que a Sondas (sic) pagasse a candidatura de Dilma”, disse.
“No governo federal em particular e junto ao presidente Lula o pré-sal apareceu como uma, ele chamava até como um passaporte para o futuro, um bilhete premiado, quer dizer, ao final do seu governo ele recebe um senhor bilhete premiado. E como ele já tava bem avaliado naquela época, o pré-sal se torna quase um motivo de delírio político no ambiente governamental”, afirmou.
“O presidente Lula começa também a se descuidar da parte legal da sua atuação como presidente e passa a atuar diretamente no pedido de propina”, acrescentou. Ao ser indagado se o ex-presidente passou a atuar após a descoberta do pré-sal, respondeu: “Ele sempre soube que tinha ilícito e sempre apoiou as iniciativas de financiamento ilícito de campanha, etc. Mas no caso, no pré-sal, ele começou a ter uma atuação pessoal”.
Antonio Palocci relatou ainda que Lula e o PT foram beneficiados com “vantagens indevidas” relacionadas à compra de caças para as Forças Armadas.
“O presidente chegou a assinar um protocolo, um contrato com o presidente francês Nicolas Sarkozi, no dia 7 de setembro. Eu lembro que era 7 de setembro porque o presidente francês veio pras comemorações do 7 de setembro, e passou a madrugada inteira com o presidente Lula, ministro da Defesa, e saiu dessa reunião de madrugada com um documento assinado pelos dois presidentes sobre a compra de caças Mirage, a compra de helicópteros e a compra de submarinos franceses. Uma iniciativa completamente inadequada, porque estava sendo conduzido tecnicamente pela área da Defesa e foi atropelado por ambos os presidentes, da França e do Brasil e isso gerou todo tipo de propina. Então não foi só na sonda”, declarou.
O governo brasileiro acabou optando pela compra dos caças suecos.
Tanto a defesa de Lula quanto de Dilma negaram as revelações de Palocci e acusaram seu ex-ministro de mentir e de falar sem provas. Mas quando se apresentam provas é praxe dos lulistas e petistas dizerem simplesmente que não há provas.
W. F.