“Taxa de juros real em nível tão elevado provoca danos consideráveis à economia brasileira. Mesmo com os cortes da taxa Selic realizados desde agosto de 2023, a taxa de juros real está em 6,9% ao ano”, destaca a entidade
O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Ricardo Alban, voltou a defender, às vésperas do Comitê de Política Monetária (Copom), que o Banco Central abandone o conservadorismo na condução da política monetária e mantenha a redução no ritmo das altas taxas de juros.
Diante da campanha orquestrada pelo agentes financeiros por uma queda de apenas 0,25 ponto percentual na reunião de hoje que define a taxa básica de juros, a entidade “espera que o BC ao menos mantenha o ritmo de queda da Selic, em 0,5 ponto percentual”.
“Essa decisão seria compatível com o atual cenário de inflação, sob controle, além de impedir uma redução mais acentuada do crescimento econômico. Além disso, é impraticável a continuidade do projeto de neoindustrialização com altos níveis de taxa de juros”, enfatiza Alban.
Além da desaceleração efetiva da inflação, a CNI aponta que, “com os preços sob controle, manter o ritmo de queda da Selic evita penalizar ainda mais a atividade econômica no Brasil. A taxa de juros real em nível tão elevado, provoca danos consideráveis à economia brasileira. Mesmo com os cortes da taxa Selic realizados desde agosto de 2023, a taxa de juros real está em 6,9% ao ano”.
“A consequência do alto nível da taxa de juros real é a perda de dinamismo da economia brasileira. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), calculado pelo Banco Central, apontou crescimento de apenas 1,23% no trimestre encerrado em fevereiro de 2024, na comparação com o trimestre anterior. Para uma economia que cresceu 2,9% em 2023, é evidente a perda de ritmo de crescimento”, destaca a entidade.
“O principal mecanismo através do qual a elevada taxa de juros real atua sobre a atividade econômica é o mercado de crédito. Os dados mostram que, apesar do aumento real de 1,1% nas concessões totais de crédito no acumulado em 12 meses até março de 2024, em comparação com acumulado em 12 meses até março de 2023, as concessões para as empresas tiveram queda real de 1,9%”, considera a entidade.
“A redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores é ponto fundamental para a impedir uma desaceleração ainda maior do crescimento econômico”, alerta a CNI em nota.