A Defesa Civil divulgou o último boletim sobre as enchentes no Rio Grande do Sul. Com duas mortes confirmadas nesta segunda-feira (13), o estado chegou a 147 vítimas dos temporais e cheias que atingem o estado desde o final de abril. O boletim ainda contabiliza 127 desaparecidos e 806 feridos.
O número de pessoas fora de casa é de 617 mil. No total, 79,5 mil estão em abrigos e 538 mil estão desalojados. O número de municípios afetados somam 447, dos 497 existentes no estado.
O Estado contabiliza 722 abrigos temporários montados para atender os desabrigados. O levantamento da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) do estado foi feito com base em informações das secretarias municipais de Assistência Social. Segundo as informações oficiais mais recentes, há um total de 81.170 pessoas em abrigos no RS.
O número de abrigos e de desabrigados ainda pode flutuar, explicou o secretário de Desenvolvimento Social do RS, Beto Fantinel, à medida que algumas pessoas voltam para suas casas ou as deixam, conforme a passagem das águas. “Os abrigos funcionam conforme a demanda dos atingidos, que varia de forma constante”, explicou.
Estão sendo levantadas também as condições de infraestrutura e as demandas de materiais de cada abrigo. Participam do levantamento também o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; o Ministério da Saúde; a Defesa Civil nacional; a Defesa Civil do RS; e o Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
“O objetivo desse levantamento é identificar onde estão os abrigos, identificar as características básicas de sua infraestrutura, características básicas do perfil das pessoas desabrigadas e suas necessidades”, disse o secretário-adjunto da Sedes, Gustavo Saldanha.
Segundo ele, com os números, o governo gaúcho “vai ter condições de fazer demandas mais específicas para o Ministério do Desenvolvimento Social, assim como auxiliar parceiros a disponibilizar recursos e doações para as características reais dos abrigos e das pessoas abrigadas”.
A chuva deverá perder força a partir desta terça-feira (14), mas em meio à tragédia das enchentes, o estado segue em alerta devido à alta dos rios e dos riscos geológicos.
Municípios como Canoas e Pelotas orientam a evacuação de áreas de risco, e nas regiões do Vale do Taquari e Caí, moradores já precisaram sair de casa. Em Porto Alegre, o lago Guaíba subiu 14 centímetros em quatro horas durante a manhã de segunda, indo de 4,77 metros às 7h para 4,91 às 11h15.
Já na Serra, o problema são os riscos geológicos. Um deslizamento matou uma pessoa em Caxias do Sul, e em Gramado, uma rua cedeu. A Climatempo sinaliza que as regiões mais impactadas por isso são a Metropolitana de Porto Alegre, a Sul, dos Vales e a Serra.
REGIÃO METROPOLITANA
A medição da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) registra que o nível do Guaíba, em Porto Alegre, atingiu 4,78 metros às 7h15 desta segunda-feira e não para de subir: foram 17 centímetros em pouco menos de 9 horas. Bairros das regiões Norte e Central estão alagados.
Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Porto Alegre enfrenta o mês de maio mais chuvoso desde 1961: foram mais de 306 milímetros desde o dia 1º, o triplo do esperado.
O Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aponta para uma cheia duradoura do Guaíba, e repique com nova elevação que pode chegar até 5,5 metros. O lago apresentou leve alta no domingo com oscilações entre 4,62 m e 4,65 m, após descer lentamente durante a última semana.
A prefeitura de Canoas pediu que a população dos bairros Niterói, Rio Branco, Fátima, Mato Grande, Harmonia, Mathias Velho e São Luis evacuem à região diante do risco de novas inundações.
A cidade foi uma das mais afetadas na Região Metropolitana de Porto Alegre na primeira semana de maio, quando o nível do lago Guaíba e do Rio Jacuí invadiram a cidade.
Veja a lista de óbitos e desaparecidos, divulgada pela Defesa Civil:
https://estado.rs.gov.br/upload/arquivos/202405/obitos-e-desaparecidos-13-5-9h.pdf
INTERIOR
A Região Sul do estado também está em alerta. Mais de 2 mil pessoas estão fora de casa em Pelotas e Rio Grande devido ao aumento do nível da Lagoa dos Patos. A prefeitura de Pelotas orienta que moradores de áreas de risco deixem suas casas e procurem abrigo.
O Canal São Gonçalo, em Pelotas, que deságua na lagoa, bateu a marca de 2,88 metros, o mesmo nível da enchente de 1941, na noite de domingo. O governador Eduardo Leite alertou para a invasão das águas nas cidades de São Lourenço do Sul, Pelotas, São José do Norte e Rio Grande.
O Cemaden emitiu no último domingo (12) novo alerta de riscos hidrológicos e geológicos muito altos no estado. O Rio Taquari, que deságua no Guaíba, ultrapassou os 26 metros no domingo à noite em Lajeado, tirando cerca de 1,1 mil de casa. Em Estrela, são 10 mil que precisaram de acolhimento em abrigos públicos ou casas de amigos e parentes.
O Rio Caí, que já está em cota de inundação, deve “apresentar elevação, gerando inundações severas”, conforme a Defesa Civil do estado. O tráfego na ponte sobre o Rio Caí, na BR-116, está interditado desde a tarde de domingo.
Apesar de não sofrer com alagamentos, o problema das cidades da Serra do Rio Grande do Sul são os deslizamentos de terra, já que estão localizados em regiões mais altas, próximas de morros.
Em Caxias do Sul, moradores ficaram assustados após terem sentido tremores de terra. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil investigam as causas e avaliam a região para se certificar se há ou não risco à população.
Já em Gramado, uma rua desmoronou por causa das chuvas dos últimos dias. Mil pessoas aproximadamente tiveram que sair de casa em diferentes bairros da cidade devido a infiltrações em imóveis e risco de deslizamentos de terra.
De acordo com a Climatempo, a previsão é de temporais para as regiões da Serra, Litoral Norte, e Norte.
Entre terça (14) e quarta-feira (15), a previsão é de tempo firme, com queda de temperaturas a ponto de haver geada em algumas regiões. Na quinta-feira (16), a previsão indica o retorno da chuva.