Parlamentares e perfis bolsonaristas estão entre os principais disseminadores de fake news sobre as enchentes no Rio Grande do Sul e atrapalham o socorro à população gaúcha, mostra levantamento feito pelo Globo.
As publicações que circulam nas redes sociais mentem sobre as medidas do governo federal no socorro ao RS, sobre a atuação dos bombeiros e até sobre doações.
O Globo analisou 20 fake news que foram divulgadas nas redes sociais e identificou que somente as publicações originais, muitas vezes feitas por perfis de parlamentares bolsonaristas, as visualizações chegaram a 13,46 milhões.
Um dos casos envolve o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, do PL, partido de Jair Bolsonaro, que publicou um vídeo falando que caminhões com doações estavam sendo multados ao seguir para o Rio Grande do Sul. A postagem teve um alcance de 2,9 milhões de pessoas.
Um dia antes do vídeo de Mello, a própria Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) já havia negado essa informação.
Jorginho Mello foi um dos senadores que em plena CPI da Pandemia divulgou fake news sobre a Covid-19. O bolsonarista falou que o chamado “tratamento precoce”, que incluia cloroquina e ivermectina, tinha um “resultado extraordinariamente positivo” no tratamento da doença. Todas as pesquisas mostram a ineficiência desses medicamentos.
O deputado Gilvan da Federal (PL-ES) usou a tribuna da Câmara para falar que barcos e jet skis usados em resgates estavam sendo parados no RS para apresentar documentação. A informação foi desmentida pelo subcomandante geral da Brigada Militar, coronel Douglas Soares.
Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos mais bolsonaristas com mais impacto nas redes sociais, afirmou que só o Ministério da Saúde podia, por norma, enviar para o Rio Grande do Sul os medicamentos que estão faltando. Ele citou especificamente a insulina, usada em casos de diabetes.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desmentiu e ressaltou que não há qualquer impedimento para que as pessoas doem medicamentos para ajudar a população gaúcha.
Os deputados Gustavo Gayer (PL-GO) e Paulo Bilynskyj (PL-SP) divulgaram que médicos não estão podendo trabalhar no Rio Grande do Sul e que estão faltando vacinas, mas as duas coisas foram desmentidas.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, reforçou que “não há desabastecimento de vacina no Estado do Rio Grande do Sul. Fake news seguem tentando promover caos”.
O governo Lula criou uma sala de guerra contra as fake news que estão atrapalhando o socorro ao RS. O grupo conta com participação da Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério da Justiça, Polícia Federal e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).
Uma das medidas propostas é que agências de checagem atuem em conjunto com as redes sociais para que as fake news sejam desmentidas o mais rápido possível.
A Agência Lupa desmentiu nos últimos dias que governo federal enviou alimentos vencidos ao RS e que recusou doações de Portugal. Outra publicação que foi avaliada como mentirosa pela Agência dizia que Israel enviou 40 aeronaves para ajudar no socorro. É mentira.
