O jornalista denunciou crimes de guerra americanos. Lula afirmou que ele deveria ter sido premiado. “Espero que a perseguição contra Assange termine e ele volte a ter a liberdade que merece o mais rápido possível”, disse o presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste domingo (19) a liberdade do jornalista Julian Assange, preso no Reino Unido devido a denúncias feitas por ele de crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos (EUA) na invasão do Iraque. O governo americano acusa o jornalista de ter divulgado informações secretas e abriu 18 acusações processos contra ele, que podem levá-lo a 175 anos de prisão nos EUA.
Lula defendeu Assange na véspera da decisão do Supremo Tribunal britânico sobre a extradição ou não do jornalista australiano, fundador do site WikiLeaks, para os Estados Unidos. O presidente brasileiro afirmou em suas redes sociais que o jornalista deveria ter sido premiado por revelar “segredos dos poderosos” em vez de estar preso: “espero que a perseguição contra Assange termine e ele volte a ter a liberdade que merece o mais rápido possível.”
Assange está detido na prisão de Belmarsh, no sul de Londres, desde que foi preso em 11 de abril de 2019 a pedido de Washington, após sete anos na Embaixada do Equador em Londres. No final de março, um tribunal de Londres decidiu a favor de Assange, para que ele continuasse a recorrer da extradição, e marcou a próxima audiência sobre o seu caso para 20 de maio, segunda-feira.
Todos os seus recursos no Reino Unido teriam sido esgotados e o processo de extradição para os Estados Unidos teria sido iniciado, sob a Lei de Espionagem de 1917. Uma das últimas opções para evitar a sua transferência para os EUA seria recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
A plataforma WikiLeaks foi fundada por Assange em 2006, mas ganhou destaque em 2010, quando começou a publicar denúncias de crimes de guerra cometidos pelos EUA.
Em 2010, foi publicado material no qual se podia constatar que após um ataque lançado em 2007 por um helicóptero militar dos EUA em Bagdá, no Iraque, pelo menos 18 civis morreram.
A secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, afirmou, recentemente, que “o processo em curso contra Assange zomba das obrigações dos Estados Unidos sob o direito internacional e do seu compromisso declarado com a liberdade de expressão”.
Assange, continuou, ousou trazer à luz “revelações de alegados crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos”, algo que o país não conseguiu investigar de forma completa e transparente. “Em vez disso, optaram por agir contra Assange por publicar informações que lhe foram vazadas, embora fossem de interesse público”, denunciou a responsável.