Após impressionante mobilização popular em grande demonstração de unidade e força por ocasião das comemorações do 70º aniversário de fundação da RPDC – República Popular Democrática da Coreia, o máximo líder político do país, Kim Jong Un, dirigiu carta ao presidente Donald Trump propondo um novo encontro de cúpula RPDC – EUA.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou que a carta de Kim Jong Un a Donald Trump é “calorosa e positiva” e que “o presidente americano quer que a reunião entre os dois líderes se realize; ele considerou que o desfile militar ocorrido no fim de semana em Pyongyang sem mostrar os mísseis intercontinentais e de longo alcance foi visto em Washington como um sinal de progresso no caminho da desnuclearização.”
Durante conversações com a delegação sul-coreana de alto nível enviada pelo presidente Moon Jae-in às comemorações dos 70 de fundação da RPDC em Pyongyang, Kim Jong Un referiu-se à sua confiança no presidente Donald Trump para a continuidade dos diálogos até que se chegue à desnuclearização, ao que Trump respondeu: “Obrigado, presidente Kim. Juntos vamos conseguir!”
A situação de Trump está complicada na Ásia com as contradições comerciais e políticas entre os EUA e a China. Com a Rússia as coisas também não andam bem. Ao mesmo tempo Washington vê com muito maus olhos a aproximação crescente entre a China e a Rússia demonstrada explicitamente através da realização dos maiores exercícios militares já realizados pela Rússia em toda a sua história e com o apoio e participação da China.
O presidente dos EUA vai e volta em relação à RPDC, ele cancelou há dias uma visita agendada do secretário de Estado americano à China e à RPDC culpando à China por não fazer esforços junto à RPDC pela desnuclearização. Trump considera que a China tem obrigação de pressionar Kim Jong Un para qualquer coisa que os EUA considerem necessárias. Mas nem Trump está com essa bola toda com os chineses nem os coreanos se lixam para tais pressões, venham de quem quer que seja, embora prezem sobremaneira os aliados chineses.
Soma-se a isso a resposta positiva do Presidente da Coreia do Sul em fazer uma visita oficial de três dias à RPDC a convite de Kim Jong Un poucos dias antes das comemorações espetaculares em Pyongyang.
Na última segunda-feira (10), o governo da Coreia do Sul anunciou que convidou os principais líderes do parlamento para fazerem parte da comitiva presidencial que vai a Pyongyang no dia 18 de setembro para participar da cumbre Norte-Sul entre Moon Jae-in e Kim Jong Un.
Foram convidados o presidente da Assembleia Nacional, Moon Hee Sang, o vice-presidente da casa e os líderes de todos os cinco partidos que participam da Assembleia Nacional. Moon Jae-in disse que anteriormente era responsabilidade do governo o intercâmbio e a cooperação entre Norte-Sul, mas avaliou que se avançaria mais na estabilidade se o parlamento participasse desses esforços conjuntos.
Na primeira reunião Norte-Sul realizada entre os dois presidentes na região fronteiriça de Panmunjom, Moon e Kim firmaram a Declaração de Panmunjom que trata da desnuclearização, do fim dos atos hostis e do incremento do intercâmbio entre os coreanos.
A RPDC tem feito grandes esforços para que as relações com a Coreia do Sul tenham uma dinâmica própria, seja tratada e desenvolvida por coreanos, apenas entre os coreanos sem ingerência externa. Mas Kim Jong Un não tem sido menos cordial e amigável com os EUA por causas das marchas e contramarchas de Trump. Ele sabe o que quer, e o que fazer. É um político muito inteligente.
Por outro lado, a Coreia do Sul tem interesse em se reaproximar dos compatriotas do Norte, na paz e na distensão na Península Coreana. Moon Jae-in tem apoiado e promovido a melhoria das relações entre a RPDC e os EUA.
Trump não quer perder terreno na Coreia Sul, cabeça de ponte dos EUA entre a China e a Rússia, nem a influência que exerce sobre o governo sul-coreano. As tropas dos EUA estão espalhadas nas várias bases militares que o país tem na Coreia do Sul.
Ainda se terá um longo caminho de diálogos, conversações e reuniões de cúpulas, todas muito bem-vindas, além das idas e vindas de Trump, a percorrer. Enquanto isso, que avancem as relações intercoreanas. É um bom caminho para a paz e o equilíbrio na Península Coreana.
ROSANITA CAMPOS