Em discurso perante o Parlamento Europeu intitulado “A Hora da Soberania Europeia”, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, convocou a União Europeia a se transformar em “uma grande potência soberana” no cenário global e assinalou que a Europa deve se tornar “econômica e militarmente independente” dos EUA. Ele pediu aos deputados e chefes de governo que mais cedam poderes à UE para tornar tal objetivo possível.
Juncker propôs que a UE se torne “um ator global”, assim como um “pagador global”, sugerindo que as decisões de política externa passem a ser tomadas com base em uma votação por maioria qualificada, prevalecendo a posição de 55% dos Estados membros em cada caso.
“A situação geopolítica faz a hora da Europa: chegou a hora da soberania europeia”, afirmou em Estrasburgo Juncker, tido como uma criatura de Frau Merkel. “É hora de a Europa tomar o seu destino nas suas próprias mãos”, o que descreveu pelo termo inventado “Weltpolitikfähigkeit – a capacidade de desempenhar um papel, como uma união [um Estado], na definição de assuntos globais”. “A Europa deve se tornar um ator mais soberano nas relações internacionais”, insistiu.
Mais tarde ele negou que sua proposta seja tornar a Europa uma “superpotência”. “Superpotência, eu não gosto dessa expressão. Temos que ser super, mas não uma superpotência”. O presidente da Comissão Europeia asseverou que a ideia não é “militarizar a UE”, mas “nos tornarmos mais autônomos e cumprirmos nossas responsabilidades globais”. Ele voltou a condenar expressamente as ações unilaterais e as guerras comerciais e cambiais.
Como o uso do cachimbo entorta a boca, Juncker não esqueceu de lembrar que os europeus não podem ficar para trás na disputa pela África que, lembrou, terá um quarto da população do planeta até 2050. Advertiu que outras potências globais, particularmente a China, já deixaram sua marca lá, e pediu “novos acordos comerciais” e “novas parcerias”. “Precisamos investir mais em nosso relacionamento com as nações deste grande e nobre continente”, esmerou-se, acrescentando que a África “não precisa de caridade, precisa de parcerias verdadeiras e justas. E a Europa também precisa”.
Juncker não explicou como a Europa vai ser “soberana” continuando ocupada por dezenas de milhares de soldados norte-americanos, em dezenas de bases militares e com uma centena de bombas nucleares dos EUA ali. Talvez não saiba quem é o valente burocrata de Bruxelas que vai colocar o guizo no pescoço do gordo gato ianque. Também não foi explícito sobre a presença do austero gato germânico no meio da estrada para a “soberania”.