Técnicos Administrativos em Educação lançaram nota de repúdio contra declarações da ministra de Gestão e Inovação (MGI), Esther Dweck, durante uma entrevista concedida a órgãos da imprensa alternativa na sexta-feira (24). Segundo os técnicos, a ministra despreza e desconhece a carreira dos profissionais federais ao rejeitar negociar os reajustes salariais.
Mobilizados desde março por melhores salários, os servidores federais reivindicam recomposição salarial entre 22,71% e 34,32%.
“Aos servidores da carreira de nível superior do PCCTAE (Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação), que são a referência da carreira, o governo Lula, através do MGI, está oferecendo uma recomposição de 14,45%. Valor muito inferior aos 22,9% que foram oferecidos aos servidores do Banco Central ou do MAPA, carreiras que já possuíam remuneração muito acima da do PCCTAE”, diz trecho da nota.
Além da revisão dos salários, os servidores também defendem a reestruturação das carreiras da área técnico-administrativa e de docentes e revogação de “todas as normas que prejudicam a educação federal aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro”. Entre elas, o Novo Ensino Médio, recomposição do orçamento e o reajuste imediato dos auxílios e bolsas dos estudantes.
Na coletiva, a ministra afirmou que a proposta estaria prestes a ser aceita nas universidades e completou que os TAEs têm até a próxima terça-feira (28) para aceitarem a proposta do governo. Os sindicatos têm apontado dificuldade em dialogar com Dueck. Segundo a ministra, o aceite da proposta apresentada pela pasta aos representantes dos docentes, em 15 de maio, também tem mostrado que o processo está chegando ao fim.
“A gente tem negociado com várias carreiras e dito: ‘Gente, essa é a última proposta. A gente chegou no limite. Foi o que a gente fez. É claro que se as categorias docentes dissessem que daria pra fazer algum ajuste, a gente faria. Mas algumas universidades já estão aprovando. E na medida em que as universidades vão aceitando, a proposta está finalizada”, afirmou a chefe do MGI.
Em outro trecho da nota, os técnicos dizem que a ministra despreza e desconhece a carreira desses profissionais. “A ministra demonstrou profundo desprezo e desconhecimento a respeito da carreira e das atividades desempenhadas pelos Técnicos Administrativos em Educação (TAEs), fato ainda mais grave quando consideramos que a ministra pertence à carreira do magistério superior e atua dentro de uma universidade federal, ao lado desses profissionais”.
O movimento ressalta ainda a importância do trabalho desenvolvido pelos servidores. “Atuamos na assistência estudantil, planejando e implementando programas para alunos em vulnerabilidade socioeconômica. Fazemos as avaliações e acompanhamos esses alunos ao longo de toda sua vida acadêmica”, afirma. “Apesar disso, nossos assistentes sociais, mesmo que tenham um mestrado ou doutorado, recebem menos que um assistente social na carreira de Analista Técnico de Políticas Sociais (ATPS), recentemente reestruturada pelo MGI”, compara o texto.
Em março, a categoria anunciou paralisações em ao menos 30 universidades do país. A mobilização foi organizada pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra). No mês seguinte, cerca de 40 universidades pararam também em campanha salarial, que incluiu outras categorias de servidores, inclusive professores.