Os chamados “nem-nem” cresceram no primeiro trimestre deste ano, segundo estudos do Ministério do Trabalho e Emprego. Dados apontam que, entre os jovens ocupados de 14 a 24 anos, 6,3 milhões (45%) estão na informalidade
No Brasil, cerca de 8,6 milhões de jovens nem estudavam e nem trabalhavam no primeiro trimestre de 2024, segundo um levantamento feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta terça-feira (28). No primeiro trimestre de 2023, eram 4 milhões de jovens que não estudavam, não trabalhavam e nem procuravam emprego.
O resultado corresponde à soma do número de jovens de 14 a 24 anos que não estudam e nem trabalham, mas estão à procura de emprego (3,2 milhões) com a parcela de jovens que não estudam, não trabalham e tampouco estão à procura de emprego – um contingente estimado em 5,4 milhões de pessoas no país.
Os adolescentes e jovens correspondem a 17% da população brasileira, ou 34 milhões de pessoas. Sendo que 39% estão vivendo na região Sudeste do país – metade em SP. Outros 25% estão no Nordeste; 13% no Sul; 13% no Centro Oeste e 10% no Norte.
No país, são 14 milhões de jovens exercendo algum tipo de ocupação: 12% dos adolescentes de 15 a 17 anos estuda e trabalha e 2% só trabalha; 15% dos jovens de 18 a 24 anos estuda e trabalha e 41% só trabalha.
Considerando as ocupações, o estudo aponta que 12% dos jovens ocupados, ou 2 milhões de pessoas, tinham ocupações técnicas, nas atividades culturais ou da informática e comunicações, com menor informalidade (37%).
“A informalidade no mercado de trabalho alcança 40% dos ocupados, mas 45% (6,3 milhões) para o grupo de 14 a 24 anos”, diz um trecho do documento.
São 6,3 milhões de jovens exercendo atividade de trabalho sem direitos trabalhistas – que, na sua maioria, constituem empregos de baixa qualidade, precários e de jornadas excessivas, com remunerações miseráveis.
Segundo a pesquisa, do total de jovens ocupados, apenas 12% ou cerca de 2 milhões de jovens atuavam “em ocupações técnicas, nas atividades culturais ou da informática e comunicações), com menor informalidade (37%)”, diz o documento.
O estudo foi apresentado pela subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho, Paula Montagner, no evento de “Empregabilidade Jovem” do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em São Paulo (SP).
“Lidamos com uma informalidade muito grande no mercado brasileiro. Trabalhados como controle e abastecimento de estoque, escriturário geral, repositor, caixa, recepcionista, são funções informais que pesam praticamente em 90% das ocupações dos jovens”, disse Montagner.
A subsecretaria destacou, ainda, que o crescimento do contingente de jovens “nem-nem” se deu por vários fatores, que atingem, principalmente, as mulheres, que representam 60% do total desse público, e negros (68%).
“Para quem não estuda, não trabalha, não procura um trabalho, ou seja, está enclausurado dentro de casa, precisamos dar visibilização para projetos que vão além daquilo que é possível, projetos que olhem para o futuro”, completou.