São 8,2 milhões de brasileiros em busca de emprego. Trabalhadores com carteira são 38,188 milhões e sem carteira chegam a 13,5 milhões. Informalidade atinge 39 milhões de pessoas
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 7,5% no trimestre encerrado em abril, “sem variação estatisticamente significativa frente ao trimestre encerrado em janeiro de 2024, quando esse percentual estava em 7,6%”, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (29). Em dez anos, essa é a menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em abril, segundo a série histórica da PNAD Contínua.
Mesmo com o bom resultado alcançado, o mercado de trabalho brasileiro conta com 8,2 milhões de pessoas em busca de emprego no país. A pesquisa PNAD Contínua também constatou 20,1 milhões de pessoas na chamada subutilização de força de trabalho e um contingente de 39 milhões de brasileiros no trabalho informal – que na sua maioria vivem de “bicos”, com jornadas de trabalho exaustivas e renda baixa.
Mas há quem defenda que o Brasil já chegou ao pleno emprego, caso do presidente do Banco Central (BC), Campos Neto, e outros “analistas” a serviço do mercado na mídia, que alardeiam para o risco futuro do aumento da inflação, causada por um “mercado de trabalho forte”. O “remédio”, segundo a velha receita neoliberal, para evitar esse cenário seria mais aperto na política monetária – via aumento dos juros – que desestimule a criação de empregos no país.
Um aperto maior na política monetária também não permitiria o aumento de salários no país, que apesar de alguma melhora estatística – o rendimento real habitual de todos os trabalhos ficou em R$ 3.151 no trimestre findo em abril – está longe de corresponder às necessidades do povo brasileiro, como destaca o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.
“Não posso aceitar a lógica de que a variação de crescimento dos salários, que ainda estão baixos, seja suficiente para pensar em cessar a redução dos juros que ainda estão altíssimos no país”, criticou Marinho, nesta quarta-feira (29), ao divulgar o Caged com o resultado do mercado de trabalho formal do mês de abril.
“Espero que o ano termine com menos de dois dígitos”, disse. “Há necessidade da continuidade de redução dos juros reais praticados no país”, defendeu o ministro, ao avaliar que os indicadores positivos de geração de emprego não podem servir como justificativa para a interrupção do ciclo de corte de juros da taxa básica de juros (Selic) do BC.
O ciclo de corte na Selic teve um início em agosto de 2023, com corte pingado de 0,5 ponto, a cada reunião realizada pelo Copom do BC até março deste ano. Neste mês (maio), o Copom decidiu reduzir ainda mais esse ritmo, passando o corte para 0,25 ponto percentual.
Ao propor uma Selic em 10,50% ao ano, com a inflação em baixa, o BC está impondo aos setores produtivos carga de juros reais (descontada a inflação futura) próxima de 7% – uma taxa completamente incompatível com o crescimento econômico.
Para o “mercado financeiro, quanto mais juros, melhor”, lembrou o ministro. “Nós precisamos ouvir os analistas da indústria, dos serviços, do mundo real da economia, que se levantam todos os dias para produzir mais”, completou Luiz Marinho.
Veja os principais resultados da pesquisa PNAD Contínua – trimestre móvel encerrado em abril 2024:
- População ocupada: 100,8 milhões
- Taxa de desocupação: 7,5%
- População desocupada: 8,2 milhões de pessoas
- População ocupada: 100,8 milhões
- Taxa de subutilização: 17,4%
- população subutilizada: 20,1 milhões
- População desalentada: 3,5 milhões
- População subocupada por insuficiência de horas trabalhadas (5,2 milhões)
- Taxa de informalidade: 38,7%
- Trabalhadores informais: 39 milhões
- Empregados com carteira assinada: 38,188 milhões
- Empregados sem carteira assinada: 13,6 milhões
- Trabalhadores por conta própria: 25,5 milhões
- Trabalhadores domésticos: 5,9 milhões