O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer apenas 0,7% no primeiro trimestre de 2024, segundo as projeções de 73 consultorias e instituições financeiras, coletadas em pesquisa do Valor Econômico. O resultado vem em comparação ao quarto trimestre de 2023, época em que a soma do conjunto de todas as riquezas produzidas no país (PIB) não cresceu (0%), frente ao trimestre imediatamente anterior – em que também não houve crescimento (0%), de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na base trimestre contra trimestre anterior, a pesquisa aponta ainda um intervalo na margem de crescimento do PIB de 0,4% de piso e 1,2% de teto. Já frente ao mesmo trimestre do ano passado, a mediana das projeções, de 71 consultorias e instituições financeiras, indica alta de 2,2%.
Os números oficiais do PIB do Brasil serão divulgados pelo IIBGE na próxima quarta-feira (4).
O mercado financeiro atrela o resultado positivo da atividade econômica no primeiro trimestre de 2024 à política do governo de estímulos econômicos, à melhoria do mercado de trabalho e pela colheita agrícola à exportação.
“O que observamos no primeiro trimestre foi um bom ritmo de crescimento, assim como em 2023, quando o impulso ficou concentrado no início do ano. Parte da explicação vem dos estímulos fiscais do governo, como o pagamento de precatórios e o reajuste real do salário mínimo. Mas há também o impulso trazido pela agricultura, que sobe 4,7%”, disse Claudia Moreno, economista do C6 Bank, ao Valor.
Para todo o ano de 2024, as projeções do mercado financeiro indicam para um crescimento de 2%, demonstrando uma desaceleração frente a 2023, em que a economia brasileira cresceu 2,9% ancorada na supersafra recorde de grãos.
Por outra via, com a manutenção dos juros altos do Banco Central (BC) no ano passado (uma situação que segue em 2024), a indústria de transformação, que é responsável por cerca de 85% da indústria brasileira, recuou 1,3% em 2023 – puxado pela retração nos investimentos no Brasil, tombo de -3,0% ante ao ano 2022, conforme o indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).
“O ano passado contou com vários fatores negativos para a formação bruta de capital fixo. Desde a venda de caminhões, que caiu porque muitos anteciparam as compras para 2022 para escapar da mudança de padrão de emissões (Proconve P8), até as altas taxas de juros, que prejudicaram o desempenho da construção civil. Então o que esperamos é uma normalização do segmento neste ano, mas não necessariamente um número expressivo”, declarou Thaís Zara, economista sênior da LCA Consultores. “O que pode mudar esse cenário é o desastre no Rio Grande do Sul. Os esforços de reconstrução poderão ajudar o setor, algo que pode se estender até 2025”.