A Polícia Federal está investigando se dois agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vazaram documentos sigilosos sobre operações para Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência, em outubro de 2023. As informações são do site Poder360.
Ramagem, hoje deputado federal bolsonarista, é investigado por ter criado uma estrutura paralela e ilegal de espionagem em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os documentos teriam sido vazados depois mesmo da deflagração da Operação Última Milha, que investiga essa estrutura paralela.
Em janeiro de 2024, em uma operação realizada na casa de Ramagem, os investigadores encontraram documentos com texto no mesmo formato usado pela Agência, mas sem a identificação dela. Ele já estava fora do cargo há dois anos.
Os documentos, intitulados “Plano de Operações 06/2021”, eram sobre uma operação de inteligência ilegal realizada pela Abin em 2021, sob a gestão de Ramagem, em comunidades do Rio de Janeiro.
A operação teve um custo de R$ 6 milhões, sendo que R$ 1,5 milhão foram usados somente com informantes, o que é considerado “exorbitante” para o padrão da Abin.
Assim que encontrou esses documentos na casa de Ramagem, a Polícia Federal passou a investigar se a operação ilegal realizada pela Abin teve conexão com sua candidatura a deputado federal em 2022.
Chefiando a Abin, Alexandre Ramagem montou um esquema de espionagem ilegal para monitorar adversários políticos de Jair Bolsonaro, em especial com uso da ferramenta israelense FirstMile.
Essa ferramenta é capaz de indicar a localização de qualquer aparelho celular através das antenas de telefonia. Entre os espionados estão ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e diversos parlamentares.
Até a promotora que foi responsável pela investigação sobre o assassinato de Marielle Franco, Simone Sibilio do Nascimento, foi rastreada.