O preço do pão de cada dia, entre outros produtos derivados do trigo, sofreram aumentos de até 10% desde junho, conforme estimativas de entidades que representam a indústria do setor no país.
Em razão da maior participação percentual do trigo na fabricação do macarrão, com 60%, e do pão de forma, com 70%, o impacto de 10% de aumento atingiu especialmente esses produtos, como esclarece Cláudio Zanão presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos industrializados (Abimapi).
No entendimento de Rubens Barbosa presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), “houve um pequeno repasse no custo do trigo para o mercado interno, mas é difícil porque impacta no consumo e a economia ainda está desacelerada”.
A safra brasileira do produto nos estados Paraná e no Rio Grande do Sul, que são os dois principais produtores do país, começa este mês. Para o empresário, os preços não tiveram uma disparada maior por esse motivo.
O país deve produzir 5,2 milhões de toneladas de trigo em 2018 e comprar do exterior mais 6,3 milhões de toneladas, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A Argentina responde por cerca de 80% das importações do produto.
A dependência das importações e os recentes aumentos dos preços do dólar são os principais fatores que estão pressionando os preços, além do pão, do macarrão, dos biscoitos, entre outros produtos.
Só em agosto, a moeda americana teve uma valorização de 8,45% em relação ao Real e no acumulado do ano, até este mês, a valorização atingiu 22,86%.
A armadilha da rolagem da dívida pública através dos capitais especulativos que vagueiam pelo mundo, através das taxas de juros estratosféricas, e a consequente sobrevalorização do Real em relação ao dólar, está cobrando seu preço.
O comportamento especulativo desses capitais, provocando saídas tempestivas de dólar, criam situações como essa. Pra piorar, o país ainda amarga graves prejuízos com o Banco Central aumentando a oferta de dólares ao submeter-se a esses movimentos.
É a chamada política de “câmbio flutuante”, onde a intervenção do governo, a despeito de toda “pregação” neoliberal, é muito bem aceita, quando é para garantir os capitais especulativos.
J. AMARO