
O processo administrativo disciplinar da Corregedoria do Ministério Público Federal (MPF) contra o subprocurador-geral da República Ronaldo Albo, que deu um “desconto” de quase R$ 7 bilhões nas multas da J&F em acordos de leniência, avançou e está colhendo depoimento de outros membros do órgão.

A J&F havia concordado, em seu acordo de leniência, em pagar R$ 10,3 bilhões em multas por seus crimes.
J&F é o grupo controlador da JBS.
Ronaldo Albo, enquanto comandava a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, resolveu reduzir essa multa para R$ 3,53 bilhões.
Os subprocuradores Alexandre Camanho e Eitel Santiago, que compunham a 5ª Câmara e pediram o afastamento de Albo diretamente para o procurador-geral da República (PGR), já foram ouvidos no âmbito do procedimento disciplinar.
Segundo a revista Veja, também foi ouvido o procurador da República no Distrito Federal Carlos Henrique Martins, que se posicionou contra o “desconto” à J&F e que tinha sido indicado pelo Conselho Institucional do Ministério Público para negociar os valores das multas dos acordos de leniência.
Ronaldo Albo é ligado ao ex-PGR Augusto Aras, indicado para o cargo por Jair Bolsonaro. Ele foi afastado da 5ª Câmara por determinação da PGR interina Elizeta Ramos, que ocupou o cargo antes de Lula indicar Paulo Gonet.
A decisão de Albo que beneficiou a J&F foi tomada em meio a manobras nas votações da 5ª Câmara e gerou uma crise no órgão, levando seus membros a cogitarem uma renúncia coletiva em protesto.