“Achar que nós temos que piorar saúde, que temos piorar educação para melhorar (as contas públicas)…isso é feito há 500 anos no Brasil”, disse ele, sobre as pressões para extinguir pisos constitucionais
O presidente Lula afirmou, neste sábado (15), em entrevista coletiva no encerramento do reunião do G7, grupo dos países imperialistas, que irá discutir uma revisão de gastos do governo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nos próximos dias, mas ponderou que não irá fazer ajuste fiscal “em cima dos pobres”.
“Achar que nós temos que piorar saúde, que temos piorar educação para melhorar (as contas públicas)…isso é feito há 500 anos no Brasil. Há 500 anos o povo pobre não participava do orçamento”, disse Lula, ao comentar as insinuações de que o governo estaria pensando em acabar com os pisos constitucionais da Saúde e Educação.
A pressão dos banqueiros e demais especuladores visa garantir mais recursos desviados da sociedade para o pagamento de juros da dívida. Nos últimos 12 meses, esse setor já embolsou R$ 776 bilhões só de juros, fora a amortização, e ainda quer mais. Este valor é maior do que o orçamento da Saúde, da Educação e da Assistência Social somados. Mesmo assim, com a mãozinha do presidente do BC, eles insistem em manter o Brasil como campeão mundial dos juros.
O senador bolsonarista Jorginho Mello (PL-SC) deixou claro, em entrevista à CNN, neste sábado (15) a quem o seu partido e sua corrente política serve. Ele defendeu que o governo corte gastos sociais e investimentos – que ele chama de “gastos populistas” – para garantir as isenções fiscais para os tubarões da economia, ou seja, para os monopólios e os grandes bancos. A pressão de agiotas e bolsonaristas pelos cortes sociais, tem tido eco em alguns setores dentro do governo, que querem obrigar governo a fazê-los.
O governo parece estar cedendo ao admitir estudar cortes sociais, mas a declaração do presidente de que não vai fazer ajuste fiscal em cima dos pobres, parece ser uma baliza que ele está pretendendo colocar à ofensiva dos especuladores e endinheirados. O presidente afirmou ter pedido ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, uma reunião para discutir orçamento do governo na semana que vem, após retornar da Itália.
“Antes de sair eu pedi para Rui Costa preparar uma reunião do conselho orçamentário para semana que vem. Eu quero fazer a discussão sobre o Orçamento (de 2025) e quero discutir os gastos. O que muita gente acha que é gasto, eu acho que é investimento”, afirmou Lula.
Ele já havia afirmado, em evento no Rio de Janeiro, que “o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão alcançar a meta de déficit sem comprometer os investimentos”. O mercado – leia-se, meia dúzia de bancos – reagiu com fúria pelo fato do presidente não acenar com cortes sociais e de investimentos.
Questionado na entrevista na Itália se o revés mostrava um isolamento de Haddad no governo, o presidente saiu em defesa do seu ministro da Fazenda e disse que ouvirá a proposta do auxiliar para reduzir despesas.
“O Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for presidente da República, porque ele é o meu ministro da Fazenda, escolhido por mim e mantido por mim. Se o Haddad tiver uma proposta, ele vai me procurar essa semana e vai discutir economia comigo”, afirmou o presidente. Ele completou: “A gente não vai fazer ajuste em cima dos pobres”.