“Juro ainda está em patamar muito alto e atua no sentido de contrair a atividade econômica, pois dificulta o acesso ao crédito e, consequentemente, reduz o crescimento econômico”
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) analisa, em nota divulgada nesta terça-feira (18), véspera da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,5% ao ano, “ainda está em patamar muito alto e atua no sentido de contrair a atividade econômica, pois dificulta o acesso ao crédito e, consequentemente, reduz o crescimento econômico”.
De acordo com a entidade da indústria, “os prejuízos são sentidos por toda a sociedade, sobretudo em termos de emprego e renda”.
Para a indústria, a continuidade do ciclo de cortes de juros amenizará esses prejuízos sem comprometer o controle da inflação, “uma vez que a política monetária continuará bastante contracionista”.
“O mais apropriado, neste momento, é manter o ritmo de corte de 0,25 na Selic. A medida contribuirá para mitigar o custo financeiro suportado pelas empresas e pelos consumidores, sem comprometer o combate à inflação”, defende o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Durante toda a semana, agentes do mercado financeiro orquestraram um congelamento na redução da taxa Selic na reunião do Copom, que será divulgada amanhã, quarta-feira (19).
JURO REAL
Segundo a CNI, mesmo se o Copom reduzir apenas 0,25 ponto percentual na Selic, a taxa de juros real (que desconsidera os efeitos da inflação esperada para os próximos 12 meses, que é de 3,62%) ficará em 6,4% ao ano. Isso significa que a taxa de juros real ainda estará 1,9 ponto percentual acima da taxa de juros real neutra – aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica, estimada pelo Banco Central em 4,5%”.
“Fica evidente, dessa forma, que a política monetária segue em terreno fortemente contracionista”, afirma a entidade, citando as previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 em torno de 2,08%, menos intenso do que foi em 2023 (2,9%).
“Considerados todos esses malefícios resultantes da taxa de juros elevada, a CNI entende que o atual comportamento da inflação não justifica uma interrupção do ciclo de cortes na Selic, que seria precipitada e inadequada”, diz a nota, ressaltando que a inflação vem “numa clara trajetória descendente”.
“O IPCA acumulado em 12 meses até abril de 2024 foi de 3,7%, bem abaixo do índice acumulado em 12 meses até dezembro de 2023, de 4,6%. Somente em maio último é que o índice acumulado em 12 meses acelerou para 3,9%”, ressalta.