A nova presidente disse que a missão que Lula lhe deu foi de “movimentar a Petrobrás, porque ela impulsiona o PIB do país”
A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, tomou posse nesta quarta-feira (19) e defendeu a expansão da exploração de petróleo para a região da Margem Equatorial, afirmando que as receitas serão usadas para financiar a transição energética. Magda se comprometeu com uma gestão pautada pela transição energética e pelo respeito à biodiversidade e ao meio ambiente.
IMPUSIONAR O PIB
A nova presidente da estatal foi bastante prestigiada e disse que aproveitava a oportunidade “para dividir com vocês a encomenda que foi dada pelo presidente”. “A missão foi de movimentar a Petrobrás, porque ela impulsiona o PIB do país. Foi a de gerir a Petrobras com respeito à sociedade”, afirmou em seu discurso, durante o evento no Rio, do qual participaram Lula e vários ministros do governo.
Segundo Magda, a Petrobras “é essencial para a redução das desigualdades e para o desenvolvimento nacional” e será fundamental para financiar a transição energética no país.
“Alguém precisa financiar essa transição. E para financiar, são fundamentais os investimentos em exploração e produção. Esses investimentos hoje representam cerca de 70% do nosso orçamento total e geram os maiores retornos para a nossa companhia. Não existe falar em transição energética sem mencionar quem vai pagar essa conta. E é o petróleo que vai pagar essa conta”, afirmou.
“PETRÓLEO VAI FINANCIAR A TRANSIÇÃO”
“As reservas de petróleo e gás do Brasil são finitas, nossa segurança energética durante a transição justa passa pela sua reposição. É fundamental desenvolver as fronteiras como a margem equatorial e do Sul do Brasil. Mas, iremos desenvolver com padrão de segurança, conformidade com a legislação ambiental e licenciamento”, declarou.
“Para financiar a transição são fundamentais investimentos em exploração e produção, que geram os maiores retornos para a companhia. Não existe falar em transição energética sem falar quem paga a conta, que será o petróleo”, disse Chambriard, acrescentando que “é fundamental desenvolver novas fronteiras, com a Margem Equatorial”.
Durante cerimônia, Magda Chambriard, engenheira e profissional de carreira da companhia, prometeu que vai conduzir em uma gestão “totalmente alinhada com a visão de país do presidente Lula e do governo federal, afinal, são nossos acionistas majoritários”. Ela foi indicada para o cargo pelo presidente para substituir Jean Paul Prates.
Assista a solenidade de posse de Magda Chambriard
“Muitos me perguntam o que vamos fazer, e está registrado no nosso planejamento, potencial para gerar empregos diretos e indiretos, expressivos recursos para estados e municípios, vamos tornar realidade o que foi planejado com celeridade”, disse ela, anunciando a criação um grupo de trabalho em conjunto com o BNDES, para homenagear Getúlio Vargas e os 70 anos da criação das duas empresas.
LULA CRITICA ATAQUES CONTRA ESTATAL
O presidente Lula saudou a nova presidenta da empresa e disse que “é sempre uma grande alegria voltar à Petrobras e ver essa empresa pujante, resistente a tantas tentativas de desmonte e dilapidação de seu patrimônio”. “Ao longo de 71 anos, a Petrobrás sofreu acirrados ataques da elite deste país, sem nenhum compromisso com a soberania do Brasil e a melhoria de vida do nosso povo”, denunciou o presidente.
Ele elogiou a Petrobrás e lamentou que outras estatais “não estejam nas mesmas condições”. Lula lembrou da privatização da Vale e da Eletrobrás. Sobre a Vale, ele criticou que depois vários anos dos desastres de Mariana e Brumadinho, “até hoje a empresa não atendeu à população prejudicada”. “Uma empresa boa e grande tem de ter alguém responsável por ela para que as coisas possam funcionar corretamente”, disse Lula. Segundo ele, com uma companhia “fragmentada em mil ações”, não há “com quem reclamar”.
“QUERIAM ENTREGÁ-LA ÀS EMPRESAS ESTRANGEIRAS”
“Tentaram destruir a Petrobras antes mesmo de sua criação. A história jamais esquecerá os editoriais de grandes veículos de comunicação, que preferiam ver o petróleo brasileiro entregue de mão beijada às empresas estrangeiras. Décadas depois, quiseram privatizá-la. Ensaiaram uma mudança de nome para Petrobrax, numa tentativa de negar sua origem 100% brasileira. Não conseguiram. Foram obrigados a recuar, diante da resistência do povo brasileiro”, destacou Lula.
Lula defendeu que a petroleira tem um papel social para a economia do país, mas que “ninguém quer acionista com prejuízo”. “O Brasil não precisa importar gasolina, [os críticos] defendem que o preço da gasolina seja internacional e tudo isso, precisamos discutir, mas é preciso que prevaleça a verdade. Ninguém quer acionista com prejuízo, ninguém quer a Petrobrás com déficit, quero uma empresa lucrativa, quanto mais lucro mais investimento em mais imposto vai pagar”, afirmou.
O presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), David Bacelar, falou em nome do trabalhadores. Ele afirmou que os trabalhadores apoiam a reconstrução da empresa. Saudou a retomada de empresas de fertilizantes e petroquímicas e das obras em refinarias. Cobrou reestatizações de refinarias vendidas e outras subsidiárias que a gestão bolsonarista leiloou. Bacelar criticou também a farta distribuição de dividendos nos últimos anos.
HADDAD DEFENDEU DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lembrou o papel da petroleira estatal na economia do país, mas se chocou com Bacelar ao defender os dividendos. Disse que ela é uma empresa que não abre mão do papel no desenvolvimento nacional, mas sabe prestar contas aos acionistas”. “A Petrobras é vista como uma geradora de dividendos e royalties”, frisou, e afirmou que “Bacelar não pode ser contra isso”.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, foi o mais enfático na defesa da exploração de petróleo da Margem Equatorial. Ele disse que a exploração da região “é uma questão de soberania nacional” e garantia de segurança energética do país. Silveira relatou que esteve em vários países do mundo e constatou que ninguém sabe dizer ao certo quanto tempo a humanidade ainda vai depender dos combustíveis fósseis.
Em entrevista à rádio CBN, na terça-feira (18), o presidente Lula disse que o Ibama e outras pastas podem ter posições diferentes, mas que o governo não poderia abrir mão de explorar uma riqueza para o país.