“Há uma sensibilidade da importância das pesquisas, imagina faltar dinheiro para fazer pesquisa de preços…”, declarou o presidente do órgão. “Nós temos orçamento, mas, se não houver liberação financeira, esse risco está presente”
O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, declarou na quarta-feira (26) que, por falta de dinheiro, o IBGE corre riscos de não realizar as pesquisas conjunturais e tradicionais, como levantamento de preços do IPCA – que calcula a inflação oficial no país. “A instituição está submetida a uma restrição que não é pequena”, afirmou Pochmann.
O IBGE é o principal e o mais antigo órgão de sondagem de dados do país. Com o orçamento previsto de R$ 2,7 bilhões em 2024, o órgão corre o risco de ficar sem recursos para as pesquisas.
“Nós temos orçamento, mas, se não houver liberação financeira, esse risco está presente”, afirmou Pochmann à jornalistas, após participar do lançamento do Anuário Estatístico do Brasil (AEB), na Casa Brasil IBGE, no Palácio da Fazenda, situado no Rio de Janeiro.
Após ter ficado submetido ao ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, que no governo de Jair Bolsonaro atuou para acabar com o órgão de pesquisa, o IBGE está agora sob a guarda-chuva do Ministério do Planejamento e Orçamento do governo Lula.
“Há uma sensibilidade da importância das pesquisas, imagina faltar dinheiro para fazer pesquisa de preços, coisas desse tipo… Imagino que o governo não vai deixar chegar nessa situação. Está sabendo das nossas dificuldades, não estamos na iminência de ter problemas dessa natureza, mas estamos olhando o ano todo, o semestre todo”, considerou o economista.
Pochmann também ressaltou que as restrições impostas ao orçamento do IBGE acabam desencadeando uma série de problemas no funcionamento do instituto, como atrasos no pagamento de aluguéis, contas de luz e restrições a viagens, por exemplo.
“O IBGE é convidado para várias coisas. A gente só está indo se a instituição que convida pagar. Se ela não pagar, não tem recurso para isso”, frisou.
Além dos problemas já citados, há a iminente greve de seus servidores que clama por melhores salários e políticas de carreira. “O IBGE é a maior instituição de pesquisa do país e tem cerca de 70% dos seus trabalhadores ganhando um pouquinho a mais de um salário mínimo (R$ 1.412)”, disse Pochmann.
“Obviamente que há um problema salarial e temos feito esforços inclusive para poder melhorar. Mas essa questão de carreira […] a gente não tem autonomia. Isso depende na verdade de uma visão maior, que quem dá a coordenada é a ministra Esther Dweck, do Ministério de Gestão e Inovação”, comentou Pochmann.
Em meio às negociações com a direção do IBGE e o governo federal, a direção nacional da ASSIBGE, entidade sindical que representa os funcionários do IBGE, entre 4 e 7 de junho, aprovou indicativo de greve a partir de 1 de julho. Marcio Pochmann afirmou que tem apoiado a pauta do sindicato.
“A greve é um instrumento legítimo, está prevista na Constituição. Obviamente, nossa preocupação é com o plano de trabalho. A instituição tem um cronograma de atividades”, completou.