“Se não tiver dinheiro para a educação, tem que achar o dinheiro para a educação”, disse o presidente na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social
O presidente Lula criticou, nesta quinta-feira (27), na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social, os setores que estão apostando na especulação. “Quem estiver apostando em derivativos vai perder dinheiro nesse país”, afirmou Lula aos integrantes do conselho, denunciando também a especulação com o dólar como meio de tentar intimidar o governo.
“As pessoas não podem ficar apostando no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real. Eu já disse em 2008. Quem não lembra a quantidade de empresas que quebrou? As pessoas acharam que era importante ganhar dinheiro apostando no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real e quebraram a cara”, acrescentou o presidente.
A crítica foi feita ao referir-se à especulação com do dólar ocorrida nos últimos dias. “Quando eu terminei a entrevista [na UOL], a manchete de alguns comentaristas era de que o dólar subiu pela entrevista do Lula. Os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar entrevista. 15 minutos antes. Então esse mundo perverso, das pessoas colocarem para fora o que querem, sem medir a responsabilidade do que vai acontecer, é muito ruim”, denunciou.
Em dissonância com a política fiscal restritiva, praticada e defendida – na própria reunião – pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que insiste em cortes de investimentos – apelidados por ele de “redesenho dos gastos” – e na manutenção do país asfixiado pela ditadura fiscal e os juros altos, Lula disse que “se não tiver dinheiro para a educação, tem que achar o dinheiro para a educação”.
A fala do presidente sobre a necessidade de ampliar os investimentos entrou em contradição com a parte de seu próprio discurso em que ele defendeu o ministro da Fazenda. Ele disse que “as críticas a Fernando Haddad são injustas”. Que sua política está certa. E, ao mesmo tempo, argumenta que o país “não pode deixar de fazer os investimentos necessários para melhorar a vida do povo”.
Lula ressaltou que os investimentos – que estão limitados pelo arcabouço fiscal de Haddad – “são necessários porque o país está pagando caro por não tê-los feito antes”. “Eu não voltei ao governo para não fazer o que o país precisa. Nós precisamos dar uma chance a esse país”, defendeu.
Ele voltou a frisar que a dívida pública brasileira é pequena quando comparada com outros países. “Perto dos EUA, da França e de outros países, a dívida brasileira é um troco”, afirmou. “Endividar para criar ativos que vão render não tem problema nenhum”, defendeu.
“Não podemos deixar de fazer as coisas por causa da dívida”, argumentou Lula, cobrando do representante da Febraban (Federação dos Bancos), presente ao ato, que os bancos privados estão deixando de investir para comprar títulos com os juros a 10,5%. “Os bancos públicos estão emprestando mais que os bancos privados”, destacou o presidente.
Ao final do discurso, Lula disse que não tem problemas que discordem dele. “Podem discordar de mim à vontade. Estou aberto ao diálogo. Eu sou um presidente que respeita a democracia e o debate franco”, afirmou.