A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) contabilizou que 27,5 mil trabalhadores foram demitidos nas indústrias do Estado em um ano. A pesquisa compara o saldo de postos de trabalho de agosto de 2017 com o mesmo período de 2018.
Apenas na passagem de julho para agosto, foram 2,5 mil postos de trabalho encerrados, revelou também a pesquisa mensal da Fiesp.
“A nossa previsão é de encerrar o ano com emprego negativo na indústria paulista.Temos no mercado interno uma ociosidade em torno de 35%”, diz José Ricardo Roriz Coelho, presidente em exercício da entidade.
Para além dos resultados da greve dos caminhoneiros, em maio, os resultados em agosto não são nada animadores. Apenas 9 dos 22 setores acompanhados pelo levantamento tiveram variação positiva. Produtos têxteis, produtos de metal e couro e calçados foram os setores da indústria que mais demitiram.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados da produção industrial de julho. São Paulo, o maior e mais desenvolvido estado do país, continua amargando os efeitos da recessão e apresentou queda de 1,1% no volume de produção de junho para julho.
No mesmo período, o IBGE computou que a indústria do país num geral teve perdas de 0,2%, como resultado de queda no volume produzido em oito dos 15 locais pesquisados.
“Além deste placar pouco favorável, dado que a maioria ficou no vermelho, o mais grave é que o núcleo industrial do Sudeste, a região do país com maior renda, maior consumo e maior densidade industrial, não se saiu bem”, avalia o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
O parque de São Paulo operava em julho 17,3% abaixo do pico registrado em março de 2011, apesar de concentrar cerca de 30% de tudo que produzido no país.
FGV: intenção de investimento no setor cai
O indicador de intenção de investimento na indústria, para o terceiro trimestre deste ano sofreu uma redução de 3,1 pontos em relação ao trimestre anterior. É o segundo trimestre seguido que registra queda do indicador acumulando um baque de 10,7 pontos. É o menor nível (113 pontos), desde o terceiro trimestre do ano passado (105,1).
Entre o segundo e o terceiro trimestres de 2018 houve redução da proporção de empresas que preveem investir mais, de 28,9% para 28,3%, e aumento da proporção das que preveem investir menos, de 12,8% para 15,3%.
Quanto ao grau de certeza da execução do plano de investimentos nos 12 meses seguintes, a proporção de empresas certas quanto à realização do plano foi de 27,5%, ficando abaixo da parcela de 31,9% de empresas incertas.
O indicador mede a disposição de investimento da indústria. As informações constam “Sondagem de Investimentos” do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgados na terça-feira (18). A edição do terceiro trimestre de 2018 da sondagem coletou informações de 656 empresas entre os dias 02 de julho e 31 de agosto.
“O resultado geral da pesquisa reforça o cenário de instabilidade que vinha se desenhando nos trimestres anteriores. Houve redução na intenção de realização de investimentos e aumento da incerteza”, completou a FGV, na nota.