O Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,5% no trimestre maio-julho, em relação ao trimestre encerrado em abril, de acordo com o Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado nesta quarta-feira (19).
Na comparação com o trimestre encerrado em julho de 2017, houve uma ligeira variação de 0,5%.
A queda de 0,5% na comparação com o trimestre encerrado em abril foi puxada pela indústria (-1,9%) e pelos serviços (-0,4%). A agropecuária registrou alta de 2,8%.
No caso específico da indústria, houve recuo de 2,8% na indústria da transformação, que é o principal setor para uma política de desenvolvimento. A construção civil caiu 1,3% e a indústria extrativa mineral diminuiu 0,8%.
Nos serviços, houve queda de 1,2% no comércio, 3,6% nos transportes, 0,7% em outros serviços e 0,1% em administração pública.
Segundo a FGV, na passagem do trimestre encerrado em abril para o trimestre encerrado em julho houve uma queda de 1,5% nos investimentos (formação bruta de capital fixo). O consumo das famílias manteve-se estável e o consumo do governo cresceu 0,6%. As exportações caíram 5,2% e as importações tiveram queda de 4,3%.
Os números da FGV reafirmam os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que demonstram a retração econômica que vive o país, desde os tempos de Dilma/Levy, passando por Temer/Meirelles.
No fim do mês passado, o IBGE informou que o PIB brasileiro cresceu 0,2% no 2º trimestre deste ano, ante o 1º trimestre. Ou seja, continuou no fundo poço. E lá vai continuar, de acordo com a projeção dos analistas do sistema financeiro, que estima uma variação de 1,36% para o PIB este ano.
Por mais que o governo e alguns analistas da mídia propaguem uma fictícia “recuperação” econômica, os indicadores econômicos apontam o contrário. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve uma variação insignificante de 0,57% em julho (com ajuste sazonal), em relação a junho. No trimestre maio-julho, houve queda 0,76% ante o trimestre fevereiro-abril.
O desemprego medido pelo IBGE registra nada menos que 13 milhões de desempregados e mais 27 milhões de subempregados em agosto.
É o reflexo da paralisia em todos os setores da economia.
Em julho, a produção industrial teve queda de 0,2%, sendo que no estado com maior parque industrial, São Paulo, o recuo foi de 1,1%. A indústria paulista operava em julho 17,3% abaixo do pico registrado em março de 2011.
Enquanto isso, o setor de serviços despencou 2,2% na passagem de junho para julho, de acordo com dados do IBGE.
Já a produção de alimentos cairá 6,2% este ano, de 240,6 milhões de toneladas para 225,8 milhões de toneladas. A área a ser colhida foi calculada em 61 milhões de hectares pelo IBGE, redução de 159,8 mil hectares em relação a 2017.
Nos últimos anos, houve uma média de transferência de R$ 400 bilhões anuais de todo o setor público para o sistema financeiro (bancos, fundos de investimentos e demais parasitas da economia nacional), via gastos com juros. Precisamente, R$ 407,024 bilhões em 2016 (6,5% do PIB), R$ 400,826 bilhões em 2017 (6,11% do PIB). Este ano, até julho, já foram para o ralo dos juros R$ 228 bilhões (5,79% do PIB), segundo números do Banco Central.
Sem falar dos juros cobrados dos consumidores. De acordo com do BC, a taxa de juros do cheque especial atingiu em julho 303,2% ao ano, em média. Os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 271,4% ao ano, em média.
Em suma: esses números refletem a política neoliberal adotada ainda no governo do PT e exacerbada por Temer: juros siderais, corte de investimentos públicos e desnacionalização/desindustrialização.
VALDO ALBUQUERQUE