Ele desviou joias e presentes oficiais recebidos no exercício do mandato. Investigações da PF mostram que parte das joias foi transformada em muamba e vendidas nos EUA em junho de 2022
A Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro (PL) nesta quinta-feira (4), no inquérito que investigou o desvio e entrada ilegal no país de joias árabes. O então presidente e ex-assessores se apropriaram indevidamente de joias milionárias dadas como presente oficial ao país.
Bolsonaro tenta tapar o sol com a peneira e diz que era inocente. Ele foi indiciado por peculato, que é a apropriação de bens públicos, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Boa parte das provas foram obtidas através dos depoimentos de seu auxiliar, o tenente-coronel Mauro Cid, que participou da venda de joias desviadas e declarou que entregou dinheiro vivo a Bolsonaro fora do país.
Também foram indiciadas outras 11 pessoas – todas por associação criminosa, 7 por peculato, 9 por lavagem de dinheiro e 1 – o ex-chefe da Receita Julio Cesar Vieira Gomes – por advocacia administrativa. No relatório final, não há pedido de prisão preventiva ou temporária de nenhum dos indiciados.
Agora que a PF pediu o indiciamento de Bolsonaro dos demais criminosos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhará o caso à Procuradoria-Geral da República que vai analisar os resultados e decidirá se há evidências suficientes para pedir o indiciamento de Bolsonaro ou se novas diligências são necessárias. Com o indiciamento em mãos, a PGR avalia as provas colhidas na investigação e decide se o material é suficiente para denunciar o indiciado, se pede o arquivamento do caso ou se pede mais investigações à polícia.
Se a PGR denunciar, poderá mudar a lista de crimes atribuídos ao indiciado – seja para incluir ou para retirar itens. Isto é: a lista de supostos crimes pode aumentar ou diminuir. Se houver denúncia, o STF decidirá se torna os acusados réus, manda arquivar ou envia os casos à primeira instância.
Bolsonaro recebeu as joias e presentes oficiais no exercício do mandato, e investigações da PF mostram que parte desses itens foi vendido nos Estados Unidos em junho de 2022, último ano do mandato do ex-presidente. Entre elas havia um relógio da marca Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico entregue a Bolsonaro em uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.
A PF concluiu que o foi levado para fora do Brasil em um avião da Força Aérea Brasileira junto com uma comitiva do ex-presidente. Ele foi vendido por cerca de R$ 300 mil para uma loja chamada Precision Watches, na Pensilvânia, nos Estados Unidos, em junho 2022. Em 2023, depois que o escândalo veio à público, cúmplices de Bolsonaro realizaram uma operação para recomprá-lo.
O colar de diamantes da marca Chopard acabou sendo retido na Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, e os cúmplices de Bolsonaro tentaram de tudo para tentar recuperá-las em 29 de dezembro de 2022 – às vésperas do fim do governo Bolsonaro e um dia antes de o então presidente da República embarcar para os Estados Unidos. No relatório final, não há pedido de prisão preventiva ou temporária de nenhum dos indiciados.
Lista dos indiciados
1- Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia de Bolsonaro (peculato e associação criminosa);
2- José Roberto Bueno Júnior, ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia (peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro);
3- Julio César Vieira Gomes, auditor-fiscal e ex-secretário da Receita peculato, associação criminosa, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa);
4- Marcelo da Silva Vieira, chefe do gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República no mandato de Bolsonaro (peculato e associação criminosa);
5- Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro (lavagem de dinheiro);
6- Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor de Bento Albuquerque (peculato e associação criminosa);
7- Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro);
8- Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-secretário de Comunicação (lavagem de dinheiro e associação criminosa);
9- Frederick Wassef, advogado do ex-presidente (lavagem de dinheiro e associação criminosa);
10- Mauro Cesar Lourena Cid, general da reserva do Exército (lavagem de dinheiro e associação criminosa);
11- Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro (lavagem de dinheiro e associação criminosa).
Muita denuncia que no final acaba em pizza.
Mesmo demonstrado diversos crismes cometido pelo ex-presidente, ele continuara livre e recebendo salario pago pelo povo.